Em uma ação estratégica para fortalecer a economia rural e ampliar o protagonismo da piscicultura no estado, o Governo de Goiás incluiu, pela primeira vez, a tilápia no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A medida, coordenada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), visa não apenas valorizar o trabalho dos piscicultores, mas também incentivar a produção local com foco na agricultura familiar.
Segundo o secretário da Seapa, Pedro Leonardo Rezende, essa inclusão representa um avanço importante para a cadeia produtiva do pescado no estado. “A piscicultura gera empregos e movimenta agroindústrias. O apoio do Estado transforma essa atividade em fonte de renda e desenvolvimento regional”, afirma.
Além de estimular o consumo interno, o programa fortalece a relação entre governo e pequenos produtores, que agora têm acesso garantido a um mercado institucional sólido, com vendas diretas ao Estado. Essa dinâmica proporciona maior estabilidade econômica aos agricultores familiares e contribui para o crescimento sustentável da produção de tilápia no estado.
Produção em alta e protagonismo regional
Dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam o avanço da piscicultura em Goiás: o estado produziu 12,5 mil toneladas de tilápia em 2023, um crescimento de 3,4% em relação ao ano anterior. A atividade está presente em 176 municípios goianos, com destaque para as regiões Norte, Sul e Sudoeste.
O município de Niquelândia se firmou como maior produtor do estado, com 4 mil toneladas. Inaciolândia e Quirinópolis também ganharam relevância no cenário, cada um registrando 1,5 mil toneladas em 2023 — no caso de Inaciolândia, o crescimento foi de expressivos 9,1%.
Para o engenheiro de pesca Gabriel Teixeira, especializado em aquicultura sustentável, o desempenho goiano reflete um trabalho bem articulado entre setor público e produtores. “A combinação entre recursos naturais abundantes, clima propício e suporte técnico garante um ambiente ideal para a expansão da tilapicultura em Goiás”, explica. Ele ressalta ainda a importância das políticas públicas que incentivam a formalização das agroindústrias e a inserção dos produtos em novos mercados.
Agroindústrias estruturadas e abertura para exportação
Atualmente, Goiás conta com 39 agroindústrias registradas para processamento de pescado, entre entrepostos e abatedouros. Desse total, seis são fiscalizadas pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM), 28 pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e cinco pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), o que reforça a confiabilidade sanitária da produção e amplia as possibilidades de comercialização.
Segundo Pedro Leonardo Rezende, esse aparato fiscalizador é fundamental para permitir que a produção local alcance mercados mais exigentes. E os resultados já são visíveis. Em 2024, o estado exportou 76,3 toneladas de pescado, o que gerou uma receita de US$ 472,8 mil. Já entre fevereiro e maio de 2025, o volume exportado atingiu 30,9 toneladas, o maior registrado para esse período desde o início das medições.
A bióloga especialista em manejo aquícola, Carolina Vasques, acredita que a tendência é de crescimento contínuo. “O investimento em qualidade e rastreabilidade dos produtos goianos, além da diversificação dos canais de venda, como o próprio PAA, são decisivos para abrir portas em mercados internacionais mais competitivos”, aponta.