Em meio ao cenário verde das matas catarinenses, uma fruta pequena e de coloração intensa tem despertado grandes expectativas entre produtores e investidores. O mirtilo, também conhecido como blueberry, está se consolidando como alternativa viável e promissora ao setor florestal tradicional, principalmente em regiões de clima frio como a Serra Catarinense. Em Palmeira, município com pouco menos de 3 mil habitantes, a cultura do fruto ganha força em áreas de reflorestamento, aliando produtividade com sustentabilidade e abrindo espaço para novas formas de renda no campo.
A aposta partiu de Celso Claudino, um dos pioneiros no cultivo da fruta na região. Com três mil pés plantados em terreno antes destinado ao reflorestamento, ele colhe não apenas os frutos azulados, mas também os bons resultados financeiros que vêm junto. Cada planta é capaz de render até dez quilos por ano. E como o quilo do mirtilo pode alcançar até R$ 60 no varejo, o potencial de retorno chama atenção. “Uma única árvore pode gerar R$ 300 por ano. É uma cultura altamente rentável, mesmo em áreas pequenas”, afirma o produtor, que distribui a produção para diversos estados brasileiros.
Blueberry: uma fruta exótica que encontrou solo fértil em Santa Catarina
De origem europeia e adaptada ao clima das regiões frias dos Estados Unidos, o mirtilo encontrou nas condições climáticas da Serra um terreno ideal para se desenvolver. A fruta, rica em antioxidantes e conhecida pelos benefícios à saúde, tem conquistado consumidores exigentes e ganhado espaço em mercados de alto valor. Com apelo estético, nutricional e gastronômico, ela vai além de seu potencial econômico, integrando-se cada vez mais ao cotidiano de quem aposta em hábitos saudáveis — e agora também em negócios rurais inovadores.

A experiência do produtor de Palmeira comprova que o sucesso vai além do cultivo. A criação da marca Palm Berries, inspirada no nome da cidade, dá identidade ao produto local e contribui para sua valorização. “Consumo mirtilo todos os dias e percebi uma melhora na minha saúde. É uma fruta que faz bem para quem planta e para quem consome”, comenta Celso, que também enxerga na plantação um potencial ainda pouco explorado: o turismo rural.
Entre floradas e colheitas, o cultivo vira atração
O pomar, segundo o produtor, passa por transformações visuais ao longo do ano, com destaque para a florada que ocorre entre setembro e outubro. Esse ciclo de beleza natural, aliado ao interesse crescente pela origem dos alimentos, abre caminho para uma experiência de visitação. “É uma atividade que encanta. Já pensamos em receber visitantes durante a época da florada, como forma de mostrar de perto todo o processo e valorizar ainda mais o produto final”, diz.
Além da rentabilidade e da estética, o cultivo de mirtilo também se destaca pela baixa exigência hídrica e pela boa adaptação a solos ácidos e bem drenados, típicos de áreas florestadas. Isso faz da fruta uma opção estratégica, especialmente em regiões onde o manejo agrícola é limitado por questões ambientais ou topográficas.