Por muito tempo, o nabo foi visto como coadjuvante na cozinha brasileira, mas esse panorama vem mudando. De textura crocante, sabor levemente picante e cultivo descomplicado, essa hortaliça da família Brassicaceae vem reconquistando espaço tanto nas hortas domésticas quanto nas receitas do dia a dia. Com um ciclo rápido e excelente valor nutricional, o nabo se revela uma escolha inteligente para quem busca saúde, sabor e autonomia alimentar sem grandes esforços.
Segundo a engenheira agrônoma Luana Bellini, especializada em hortas urbanas, o nabo é uma das hortaliças mais indicadas para iniciantes. “Ele tem um crescimento rápido, adapta-se bem a diferentes tipos de solo e pode ser colhido em menos de dois meses após o plantio”, explica. Essa agilidade faz com que o nabo se torne uma opção estratégica em hortas domésticas, inclusive para espaços pequenos, como canteiros em varandas ou jardineiras em apartamentos.
Um aliado da alimentação saudável
Do ponto de vista nutricional, o nabo é uma verdadeira joia vegetal. Rico em fibras, vitamina C, antioxidantes e minerais como potássio e cálcio, ele atua na digestão, fortalece o sistema imunológico e tem propriedades anti-inflamatórias. Sua raiz branca e firme pode ser consumida crua em saladas, cozida em sopas, refogada ou assada — e até mesmo fermentada. Já suas folhas, muitas vezes negligenciadas, também são comestíveis e extremamente nutritivas. “A folha do nabo é rica em ferro, cálcio e betacaroteno. Ela pode ser usada como refogado ou acrescentada a caldos e omeletes”, destaca Luana.

Esse aproveitamento integral é uma das características que tornam o nabo tão interessante na alimentação sustentável. Ao cultivar e consumir a planta por inteiro, minimiza-se o desperdício e valoriza-se o alimento como um todo. Além disso, por ter um sabor marcante, ele pode ser utilizado para trazer mais profundidade a pratos simples, funcionando como substituto do rabanete ou até do gengibre em algumas preparações.
Cultivo fácil para qualquer espaço
Outro ponto a favor do nabo é sua incrível adaptabilidade. Ele cresce bem em solos arenosos, leves e bem drenados, preferencialmente com boa adubação orgânica. A engenheira florestal Bianca Muraro, especialista em cultivo agroecológico, explica que o ideal é preparar o solo com matéria orgânica e manter regas regulares. “O nabo precisa de umidade constante, mas sem encharcamento. Uma boa cobertura do solo com palha ajuda a manter a temperatura e a umidade ideais”, ensina.
Quanto à exposição ao sol, o nabo aprecia o sol pleno, mas também tolera meia-sombra, o que facilita seu cultivo em locais com insolação moderada. Sua semeadura pode ser feita diretamente na terra, com espaçamento entre 10 a 15 cm entre as mudas. O ciclo de desenvolvimento varia entre 40 e 60 dias, tornando-o excelente para quem deseja colher rápido e replantar ao longo do ano.
Da horta para a mesa com criatividade
Com uma presença visual discreta, mas um sabor que surpreende, o nabo está sendo redescoberto por chefs e entusiastas da culinária saudável. Seja em chips crocantes feitos no forno, purês com toque levemente picante ou como base para conservas orientais, essa raiz versátil pode ganhar espaço na rotina alimentar de forma criativa e acessível.
Bianca Muraro ressalta que o nabo combina especialmente bem com ervas frescas como salsinha e tomilho, além de temperos cítricos. “Por ter um sabor particular, o nabo realça os pratos e permite brincar com texturas. O importante é usá-lo fresco e não deixar que passe do ponto na colheita, pois pode ficar fibroso”, orienta.