Em jardins tropicais, poucas plantas causam tanto impacto visual quanto a alamanda. Com suas flores grandes, em tons vibrantes de amarelo ou roxo, essa trepadeira nativa da América do Sul ganhou o coração dos paisagistas brasileiros. Além de resistir bem ao calor, ela se destaca por crescer com rapidez e criar verdadeiros cenários de exuberância em muros, cercas e pérgolas. Mas o que muitos não sabem é que multiplicar a alamanda em casa, com técnicas acessíveis, é mais simples do que parece — desde que se respeitem algumas condições específicas de cultivo e propagação.
Segundo a engenheira agrônoma Valéria Neves, especializada em propagação vegetal, a alamanda pertence à família Apocynaceae e apresenta tanto versões arbustivas quanto trepadeiras. “É uma planta que responde muito bem às técnicas de estaquia e alporquia, sendo ideal para quem deseja reproduzir exemplares saudáveis a partir de uma matriz já adaptada ao clima local”, explica. Com sol pleno, regas controladas e um solo bem drenado, a planta rapidamente enraíza e se estabelece, mesmo quando cultivada em vasos grandes ou canteiros diretamente no solo.
Como fazer mudas de alamanda?
A forma mais prática de propagar a alamanda é por estaquia, especialmente durante a primavera e o verão, quando as temperaturas favorecem o desenvolvimento das raízes. Para isso, recomenda-se escolher um ramo sem flores, com cerca de 20 centímetros, que deve ser cortado com uma tesoura de poda limpa e afiada. “Remova as folhas da base e mantenha apenas as superiores. Em seguida, plante a estaca em um substrato rico em matéria orgânica e leve, mantendo a umidade sem encharcar”, orienta Valéria.

Outro método bastante eficiente é a alporquia, indicado principalmente para quem tem paciência e deseja obter mudas mais robustas. Nessa técnica, seleciona-se um galho vigoroso da planta-mãe, que deve ter a casca removida em um pequeno trecho. A área exposta é então envolta com musgo umedecido e coberta com plástico transparente, que deve permanecer firme por cerca de 60 a 90 dias. “Assim que as raízes surgirem, é possível separar a muda do galho original e replantá-la”, acrescenta a agrônoma.
Embora mais raro, também é possível fazer a multiplicação por sementes. No entanto, como as sementes da alamanda não são facilmente encontradas em viveiros comerciais, a técnica exige a coleta direta dos frutos da planta — esferas espinhosas que se formam após a floração. “Após secar, o fruto libera sementes que devem ser plantadas em substrato úmido e bem iluminado. É um processo mais demorado, mas que oferece uma experiência completa de cultivo”, observa o paisagista Breno Fernandes, especialista em flora ornamental.
Dicas para cuidar da alamanda após o enraizamento
Uma vez formada a muda, é importante transplantá-la para um vaso espaçoso ou diretamente no solo, respeitando o espaço que a espécie tende a ocupar. A alamanda exige sol pleno para florescer em sua plenitude, além de regas regulares sempre que a terra estiver seca ao toque. “Ela tolera períodos curtos de estiagem, mas não se desenvolve bem com excesso de água ou em locais propensos a geadas”, alerta Breno. Além disso, é fundamental garantir um solo fértil, com boa drenagem e rico em matéria orgânica.
Cerca de um mês após o plantio, pode-se iniciar a adubação com produtos ricos em micronutrientes, como NPK 10-10-10 ou 13-05-13, em intervalos mensais durante as estações de crescimento. A poda também é uma aliada importante para controlar o porte da planta e direcionar sua ramificação. “A condução por treliças, fios de arame ou estruturas de madeira ajuda a valorizar seu crescimento vertical e deixa a floração ainda mais vistosa”, sugere o paisagista.
Vale lembrar que, apesar de ornamental, a alamanda é uma planta tóxica, especialmente em contato com a seiva ou partes ingeridas. Por isso, deve-se evitar seu cultivo em locais com acesso direto de crianças pequenas e animais domésticos.