Imagine abrir a casca de uma fruta coberta por fios finos e coloridos, revelando uma polpa translúcida, suculenta e levemente ácida. Essa é a experiência de saborear o rambutão, também conhecido como rambutan — uma joia tropical originária do sudeste asiático que vem despertando a curiosidade de jardineiros e fruticultores no Brasil. Com nome científico Nephelium lappaceum, a planta pertence à mesma família da lichia e do longan, a Sapindaceae, e tem conquistado espaço em quintais tropicais pelo visual excêntrico e cultivo viável em climas quentes e úmidos.
Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Cestari, especialista em fruticultura tropical, a estrutura do rambutão lembra a de seus “primos” asiáticos, mas com uma identidade muito própria: “A casca é grossa e coberta por filamentos que parecem espinhos, mas não machucam. É justamente daí que vem o nome rambutão, que em malaio significa ‘peludo’”.
O interior, por sua vez, guarda um arilo translúcido, parte suculenta que reveste a semente e que, além de doce, apresenta um leve toque ácido, lembrando um cruzamento entre uva e lichia. Esse arilo, que nas plantas cumpre o papel de atrair animais dispersores de sementes, é exatamente a parte comestível da fruta.
Cultivo do rambutão no clima brasileiro
Ainda que o rambutão seja nativo de regiões tropicais da Malásia, Indonésia e Tailândia, seu cultivo no Brasil tem sido estudado e ampliado em áreas quentes e úmidas, especialmente na região Norte e no litoral do Sudeste. O solo ideal precisa ser rico em matéria orgânica, bem drenado e com pH levemente ácido. O cultivo da planta exige paciência: trata-se de uma árvore de médio porte, que pode ultrapassar os 10 metros de altura em plena maturidade, e leva alguns anos para iniciar a frutificação.

“O rambutão é exigente com o calor e a umidade, por isso, se adapta melhor em locais onde o índice de chuvas é alto e as temperaturas são constantemente elevadas”, explica a bióloga e paisagista Camila Fonseca, que cultiva espécies tropicais no litoral da Bahia. Ela destaca que a planta não tolera geadas e, por isso, não se desenvolve bem em altitudes elevadas ou regiões com inverno rigoroso.
“Uma dica importante para quem quiser cultivá-lo é plantar em um local bem ensolarado e protegê-lo de ventos fortes, já que suas folhas largas podem ser danificadas facilmente”, orienta.
Sabor, textura e valor ornamental
Embora a aparência exótica já seja um atrativo por si só, o rambutão se destaca também pela versatilidade gastronômica. Quando maduro, o fruto pode ser consumido in natura, utilizado em sucos, compotas, geleias e até em saladas tropicais, agregando textura e frescor ao prato. Sua doçura equilibrada com um toque cítrico agrada tanto crianças quanto adultos.

Além disso, por seu visual incomum — com casca avermelhada e “cabeluda”, contrastando com a polpa clara e brilhante —, o rambutão tem sido utilizado também em jardinagem ornamental, especialmente em quintais que apostam em espécies exóticas para compor pomares diversificados. “É uma planta que une o útil ao agradável. Oferece sombra, frutos saborosos e um visual único que chama atenção mesmo fora da época de colheita”, diz Camila.