As compras externas de trigo pelo Brasil ganharam força nos últimos meses e atingiram patamares expressivos, consolidando um aumento próximo de 20% no acumulado de 12 meses. Esse movimento, registrado entre agosto de 2024 e julho de 2025, elevou o volume importado para 6,83 milhões de toneladas, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O aumento expressivo da entrada do cereal no país ocorre em um momento em que o mercado global de trigo também enfrenta preços em queda, reflexo de estoques elevados e de uma oferta internacional consistente. Essa conjuntura se reflete diretamente no cenário interno, onde as cotações seguem pressionadas e distantes dos patamares observados nos últimos dois anos.
Movimento acelerado no segundo semestre
Somente em julho de 2025, o Brasil recebeu 616,91 mil toneladas do produto, um avanço de 26,7% frente ao volume de junho. Apesar desse salto mensal, o número ainda ficou 4,3% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado. A variação mensal positiva indica que a demanda doméstica por trigo importado segue aquecida, favorecida tanto por preços internacionais mais competitivos quanto pelo câmbio, que ainda torna o produto estrangeiro atrativo para moinhos e indústrias.
Impacto direto no mercado interno
Com mais oferta disponível, os compradores conseguem negociar valores mais baixos, reduzindo as margens de produtores nacionais que disputam espaço com o trigo estrangeiro. Segundo o levantamento do Cepea, o comportamento das cotações no Brasil espelha a tendência externa, reforçando a pressão sobre o setor produtivo. Além disso, a chegada contínua de grandes volumes mantém o mercado abastecido, afastando riscos de escassez e limitando eventuais altas de preços.