O Paraná acaba de inaugurar uma iniciativa que promete transformar a relação entre o setor privado e os projetos ambientais de impacto social. Batizada de Banco Verde, a nova plataforma digital foi lançada durante a Conferência da Mata Atlântica, realizada em Curitiba, e estabelece uma ponte direta entre empresas investidoras e organizações que atuam em prol da economia de baixo carbono, da valorização da biodiversidade e da preservação dos biomas paranaenses.
A estimativa inicial é ambiciosa: movimentar entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões por ano em projetos socioambientais, consolidando o Paraná como referência em políticas públicas voltadas à sustentabilidade. A ferramenta nasce integrada ao programa Paraná Mais Verde e foi desenvolvida em colaboração entre as secretarias estaduais do Desenvolvimento Sustentável, Planejamento, Agricultura, Indústria e a Invest Paraná.
Uma vitrine digital para iniciativas com impacto ambiental real
Funcional, intuitiva e transparente, a plataforma funciona como uma vitrine de projetos ambientais que podem ser financiados por empresas interessadas em alinhar suas ações aos princípios de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG). Os projetos inscritos passam por uma avaliação técnica antes de serem disponibilizados, garantindo que os recursos investidos sejam canalizados para iniciativas sérias, bem estruturadas e com potencial de impacto real.
As organizações que desejam cadastrar suas propostas devem informar detalhes como o nome técnico do projeto, localização, bioma beneficiado, justificativa baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e nas diretrizes ambientais estaduais. Após a validação, a proposta é publicada na vitrine da plataforma para captação de recursos.
Já para as empresas, o processo de adesão é igualmente simples. Basta criar um perfil, acessar os projetos disponíveis e selecionar os que mais se alinham aos valores e objetivos da organização. Uma vez formalizado o apoio, um contrato é firmado com a entidade beneficiada, dando início à execução do projeto, que será monitorado por equipes da plataforma.
Agricultura de baixo carbono e apoio direto a produtores
Um dos destaques do Banco Verde está na sua proposta de valor compartilhado. Além do financiamento direto às iniciativas ambientais, 20% dos recursos arrecadados serão destinados ao Fundo Estadual de Meio Ambiente (FEMA). Esse montante servirá como base para a implementação de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) voltados a pequenos produtores rurais, recompensando diretamente quem protege áreas de nascentes e vegetação nativa.
A estimativa é que, já no primeiro ano, cerca de mil agricultores familiares sejam contemplados, com um repasse anual de até R$ 10 mil por produtor, promovendo não apenas a conservação ambiental, mas também o desenvolvimento econômico local.
Parcerias internacionais e inovação na gestão de resíduos
O lançamento da plataforma foi acompanhado de outro anúncio relevante: a criação de um fundo inédito, em parceria com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), para financiar fábricas de biofertilizantes a partir de resíduos urbanos. A iniciativa contará com um aporte inicial de R$ 120 milhões, podendo chegar a R$ 500 milhões, com condições de financiamento acessíveis. A meta é impulsionar a produção de fertilizantes organominerais sustentáveis, reduzindo a dependência de insumos importados e estimulando a economia circular no campo.
Um passo estratégico rumo ao futuro sustentável
Ao colocar em operação o Banco Verde, o Paraná amplia sua atuação como protagonista nas políticas ambientais do Brasil. Signatário de acordos internacionais como o Pacto Global pela Restauração, Race to Zero e Tratado da Mata Atlântica, o estado reforça seu compromisso com soluções inovadoras para enfrentar as mudanças climáticas.
Aliás, essa estratégia se fortalece com a realização da Conferência da Mata Atlântica, que reúne especialistas e lideranças de todo o país para debater os desafios e as oportunidades da preservação do bioma que cobre 99% do território paranaense — um dos mais ameaçados e, ao mesmo tempo, mais relevantes em biodiversidade do país.