A ovinocultura brasileira acaba de alcançar um novo marco em sua trajetória de internacionalização. O governo da Argélia concluiu os trâmites sanitários necessários e autorizou oficialmente a importação de ovinos vivos do Brasil, consolidando uma parceria comercial que deve impulsionar as exportações do setor, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, onde a criação de ovinos é historicamente forte e socialmente relevante.
Com aproximadamente 46 milhões de habitantes, a Argélia se mostra cada vez mais como um parceiro estratégico para o agronegócio nacional. As relações comerciais entre os dois países vêm se intensificando: em 2021, o Brasil exportou cerca de US$ 1,3 bilhão em produtos agropecuários para o país africano. Em 2024, esse número saltou para mais de US$ 2,2 bilhões, com destaque para itens dos complexos da soja, cereais, farinhas e produtos derivados da cana-de-açúcar.
Avanço importante para o Norte e Nordeste
A nova abertura representa uma chance significativa para produtores de ovinos no semiárido nordestino e em áreas do Norte do Brasil. Nessas regiões, a atividade é uma fonte de renda que movimenta economias locais, estimula o empreendedorismo rural e promove inclusão produtiva. Com a demanda internacional em ascensão, o acordo com a Argélia tende a elevar o valor agregado do rebanho nacional e incentivar a profissionalização dos criadores.
O acordo também reforça a importância de políticas de diplomacia sanitária, que permitem ao Brasil acessar mercados exigentes por meio de certificações e negociações técnicas. A atuação conjunta entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) tem sido determinante nesse processo.
Mais de 400 mercados abertos desde 2023
Com essa nova autorização, o agronegócio brasileiro atinge a marca de 401 mercados abertos desde o início de 2023, sendo 101 apenas em 2025. O número impressiona não apenas pela quantidade, mas pela diversidade de produtos contemplados — que vão de frutas e carnes a sementes, flores e produtos florestais.
A ampliação do comércio de ovinos vivos sinaliza, ainda, o potencial de diversificação da pauta exportadora agropecuária, mostrando que o Brasil pode ir além das commodities tradicionais, posicionando-se como um fornecedor confiável de animais vivos, com excelência sanitária, genética e logística.
Esse avanço reforça o papel do Brasil como potência agroambiental e impulsiona um setor que, embora menor em volume comparado à bovinocultura, tem alto valor agregado, forte apelo cultural e enorme capacidade de geração de renda local.