Quando o inverno avança e muitas espécies entram em dormência, algumas plantas assumem o protagonismo no jardim. A Justicia rizzinii, carinhosamente apelidada de farroupilha, é uma dessas raridades tropicais que surpreendem pela beleza e resistência. De origem brasileira, essa espécie nativa da Mata Atlântica floresce justamente nos meses mais frios do ano, desafiando o marasmo visual típico da estação com uma explosão de pequenos sinos amarelo-alaranjados.
Segundo a engenheira agrônoma Ana Paula Teixeira, especialista em plantas ornamentais tropicais, a farroupilha é um verdadeiro achado para quem deseja adicionar cor ao jardim de inverno sem depender de cuidados complexos. “É uma planta extremamente adaptada ao nosso clima, com excelente desempenho tanto em vasos quanto diretamente no solo, desde que bem drenado e enriquecido com matéria orgânica”, explica.
Origem e importância ornamental
Natural das florestas úmidas do Sudeste brasileiro, a Justicia rizzinii pertence à família Acanthaceae, a mesma de outras espécies tropicais amplamente utilizadas no paisagismo. Embora ainda pouco conhecida fora do meio botânico, ela vem ganhando espaço nos projetos residenciais pela sua combinação única de rusticidade e beleza exótica. Suas inflorescências caem em cachos e chamam atenção pela coloração quente, em contraste com as folhas verdes de textura levemente áspera.

Além de decorar, suas flores também têm um papel importante no ecossistema, especialmente durante os meses frios. “Elas atraem polinizadores como beija-flores e borboletas mesmo no inverno, ajudando a manter viva a dinâmica natural do jardim durante a estação menos florida do ano”, destaca o paisagista Lucas Nunes, que costuma incluir a farroupilha em canteiros de meia-sombra ou em jardins tropicais de baixa manutenção.
Versatilidade no paisagismo
O porte compacto e o crescimento controlado tornam a Justicia rizzinii uma excelente candidata para vasos grandes, jardineiras ou composições próximas a muros e caminhos. Quando plantada em grupo, cria um efeito visual leve e ao mesmo tempo marcante, especialmente se acompanhada por espécies de folhagens mais escuras ou texturizadas.

Lucas explica que, por tolerar temperaturas mais baixas, a farroupilha pode ser cultivada em diferentes regiões do Brasil, incluindo áreas serranas. “É uma planta de sombra parcial, que também tolera o sol da manhã. Em locais muito quentes, o ideal é protegê-la das horas mais intensas do sol para preservar a coloração das flores e evitar o ressecamento das folhas”, recomenda.
Condições ideais para o cultivo
Embora seja considerada uma planta de baixa exigência, a farroupilha responde bem a solos bem preparados e regas regulares. Ana Paula lembra que o solo ideal deve ser rico em húmus e apresentar boa drenagem. “Ela aprecia umidade, mas não tolera encharcamento. O substrato deve secar levemente entre as regas para evitar o apodrecimento das raízes.”
A adubação também contribui para uma floração mais generosa. Durante o outono e início do inverno, recomenda-se uma adubação leve com formulações ricas em fósforo, como o NPK 4-14-8. O controle de pragas, por sua vez, é pouco necessário: a planta raramente sofre ataques quando mantida em ambiente saudável, com boa circulação de ar e luz difusa.
O paisagista Lucas ainda reforça um cuidado simples, mas eficaz: “Faça uma leve poda de limpeza após o florescimento para remover ramos secos e estimular novos brotos. Assim, o arbusto mantém seu formato arredondado e vigoroso.”