Poucas espécies têm o poder de transformar uma calçada ou jardim com tanta delicadeza e imponência quanto o manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis). Nativo da Mata Atlântica, esse arbusto de porte médio a alto conquistou os projetos de paisagismo contemporâneo por seu ciclo de floração incomum e pela beleza de suas flores, que surgem em tons vibrantes de branco, rosa e lilás — muitas vezes ao mesmo tempo na mesma planta.
Além de atrair olhares, a espécie também favorece a presença de polinizadores, como abelhas e borboletas, tornando-se um elo importante entre estética e biodiversidade. “O manacá é extremamente simbólico para quem valoriza plantas nativas com alto valor ornamental. Ele representa uma reconexão com o bioma da Mata Atlântica e traz um efeito visual impactante sem demandar manutenções excessivas”, destaca a paisagista e arquiteta urbana Luciana Navarro.
Origem brasileira e beleza mutante
Presente principalmente nos estados do Sudeste e Sul, o manacá-da-serra é encontrado tanto em ambientes urbanos quanto em áreas naturais de floresta. Seu nome popular, “manacá”, deriva do tupi e significa “flor bonita”, enquanto o “da serra” faz referência à sua origem nas encostas da Serra do Mar. Adaptado ao clima úmido, o manacá aprecia temperaturas amenas a quentes e tem excelente desempenho em regiões tropicais com solo drenado e boa incidência solar.
Uma das características mais marcantes da espécie é a mudança de cor das flores conforme envelhecem: elas surgem brancas, adquirem um tom rosado e finalizam em violeta profundo. Essa mutação cromática faz com que a árvore pareça estar sempre florida em degradê. “Visualmente, o manacá parece várias plantas em uma só. Esse efeito cromático contínuo é um diferencial que poucos arbustos nativos oferecem”, explica o engenheiro agrônomo Carlos Bressani, especialista em cultivo de árvores tropicais.
Onde e como plantar o manacá-da-serra
Versátil, o manacá-da-serra pode ser plantado tanto diretamente no solo quanto em grandes vasos, o que o torna uma opção viável para jardins residenciais, calçadas e até varandas amplas. No entanto, para atingir seu porte pleno — que pode ultrapassar os 4 metros de altura em campo aberto — o ideal é garantir um espaço com boa profundidade de solo e livre de interferências subterrâneas, como encanamentos e fundações.

O plantio deve ser feito em solo bem drenado e enriquecido com matéria orgânica. Uma mistura de terra vegetal, areia grossa e composto orgânico favorece o enraizamento inicial. Já o local escolhido precisa receber luz solar direta por pelo menos quatro horas diárias, pois isso estimula tanto o crescimento quanto a formação dos botões florais.
Os cuidados que fazem o manacá florescer mais
Embora seja uma planta de manutenção considerada fácil, o manacá responde melhor quando cultivado com alguns cuidados específicos. A rega deve ser constante nas primeiras semanas após o plantio, até que a planta esteja bem estabelecida. Depois disso, basta manter o solo levemente úmido, evitando o encharcamento. Em épocas mais secas, uma rega mais frequente pode ser necessária, principalmente em vasos.
A adubação é outro ponto que influencia diretamente na exuberância da floração. De acordo com Carlos Bressani, adubos ricos em fósforo e potássio, como o NPK 4-14-8, são ideais para estimular novas floradas. “Aplicar o fertilizante no início da primavera e repetir após dois meses costuma garantir florescimento mais vigoroso. Já o excesso de nitrogênio pode favorecer apenas o crescimento da copa, mas não das flores”, orienta.
Além disso, o manacá-da-serra não exige podas drásticas, mas responde bem à limpeza de galhos secos e à formação de copa quando necessário. Isso favorece uma estrutura equilibrada e permite que a planta canalize sua energia para a produção de flores.
Uma árvore perfeita para projetos urbanos e ecológicos
O uso do manacá-da-serra em áreas urbanas não é apenas estético — trata-se de uma escolha consciente, que valoriza a flora nativa e contribui para a biodiversidade local. Por sua raiz pivotante e não agressiva, ele é amplamente recomendado para calçadas, áreas próximas a muros e espaços públicos. Também é uma opção para composições tropicais com outras espécies brasileiras, como ipês, quaresmeiras e palmeiras ornamentais.
E o melhor: por ser uma planta nativa, o manacá é naturalmente adaptado ao solo e ao regime de chuvas do Sudeste, o que reduz a necessidade de intervenções constantes. “Se bem cuidado, o manacá retribui com flores ano após ano, criando uma atmosfera tropical e elegante no paisagismo”, conclui Luciana Navarro.



