Em um movimento que representa um avanço significativo para a agropecuária nacional, a Indonésia ampliou de forma robusta o número de frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carne bovina ao seu território. A decisão, anunciada após inspeções sanitárias conduzidas em solo brasileiro no mês passado, aprovou 17 novos estabelecimentos, totalizando agora 38 plantas habilitadas a atender a crescente demanda do país asiático por proteína animal.
O aumento representa um salto de 80% no número de frigoríficos autorizados e insere o Brasil em uma posição ainda mais estratégica no tabuleiro das exportações globais de carne. “Essa é uma sinalização clara da confiança internacional nos nossos protocolos sanitários e na qualidade da carne bovina brasileira”, afirma o analista de mercado agropecuário João Carlos Tavares, especialista em comércio exterior do agronegócio.
Demanda crescente por proteínas impulsiona exportações brasileiras
Com uma população que ultrapassa os 270 milhões de habitantes, a Indonésia se consolida como um mercado de alto potencial para produtos agropecuários. A busca por segurança alimentar e diversificação de fornecedores tem levado o país a ampliar suas compras externas de carne bovina, e o Brasil, com sua estrutura produtiva e preços competitivos, surge como parceiro natural.
Em agosto, o governo indonésio já havia dado sinais de expansão comercial ao liberar a importação de cortes com osso, miúdos e produtos cárneos processados de origem brasileira. A nova rodada de habilitações aprofunda essa parceria e aponta para embarques com maior diversidade e volume.
“Cada novo mercado ou ampliação que conseguimos abrir é também uma vitória para o pequeno produtor e para os trabalhadores da cadeia de carnes, que se beneficiam da geração de renda e emprego em regiões produtoras”, pontua Marcelo Bernardes, consultor em diplomacia agrícola e ex-assessor do Itamaraty.
Negociações diplomáticas e eficiência sanitária garantiram avanço
A conquista não aconteceu por acaso. Por trás do anúncio, está um processo técnico e diplomático conduzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, em colaboração com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) e a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). O adido agrícola brasileiro em Jacarta e a Embaixada do Brasil na Indonésia tiveram papel fundamental nas tratativas, além da participação ativa do setor privado, que se mobilizou para atender às exigências sanitárias rigorosas impostas pelas autoridades indonésias.
De acordo com os especialistas, esse tipo de articulação reflete uma nova fase da política externa agropecuária do Brasil, que aposta em diplomacia técnica e cooperação sanitária para abrir novos destinos à produção nacional. Além disso, a ampliação das exportações se insere em um contexto mais amplo de reposicionamento do Brasil como fornecedor estratégico de alimentos para o mundo.