Em um mês marcado por variações expressivas no comércio exterior, os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmam uma tendência positiva para as carnes bovina e suína brasileiras. Em setembro, o país registrou avanço significativo tanto no volume quanto no valor das exportações dessas proteínas, destacando-se como um dos maiores fornecedores globais de carne animal.
O maior impulso veio da carne bovina, cuja receita atingiu US$ 1,65 bilhão no mês, com uma média diária de US$ 82,7 milhões ao longo de 20 dias úteis. A performance representa um salto de 52,9% no valor médio diário em comparação ao mesmo período de 2024, o que reforça o fortalecimento da presença brasileira nos mercados internacionais. Além disso, o preço médio da tonelada exportada também apresentou valorização, chegando a US$ 5.613,20, o que corresponde a uma alta de 24,4% no comparativo anual.
Outro dado relevante é o volume embarcado: foram 294,7 mil toneladas de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, uma média diária de 14,7 mil toneladas, número que representa um crescimento de 23,6% em relação ao desempenho do ano anterior. Esse movimento de recuperação ocorre em um cenário global de maior procura por proteína vermelha, especialmente por parte de mercados asiáticos e árabes.
No segmento da carne suína “in natura”, os números também são expressivos. O Brasil exportou 127,3 mil toneladas, com receita total de US$ 328,5 milhões, o que equivale a uma média diária de US$ 16,4 milhões. Em termos percentuais, os embarques de suínos tiveram uma elevação de 28,2% no valor médio diário e 24,2% na quantidade embarcada, além de uma leve valorização de 3,3% no preço por tonelada, que fechou o mês em US$ 2.580,70.
Enquanto as carnes bovina e suína registraram performance robusta, o setor de frango apresentou resultados mais comedidos. As exportações de carne de aves e miudezas comestíveis totalizaram US$ 777,2 milhões, com volume de 440,5 mil toneladas exportadas. Contudo, o valor médio diário caiu 5,8% em relação a setembro de 2024, e o preço médio da tonelada sofreu retração de 8%, encerrando o período em US$ 1.764,50, ainda que tenha havido um leve aumento de 2,5% na quantidade média diária exportada.
A disparidade entre os desempenhos das diferentes proteínas revela um ajuste dinâmico do mercado global, que tem oscilado diante de fatores como custos logísticos, flutuações cambiais e reequilíbrios na cadeia de abastecimento pós-pandemia. A valorização da carne bovina e suína reforça a competitividade brasileira nesses segmentos, enquanto a carne de frango — tradicionalmente mais acessível — parece enfrentar desafios pontuais de preço e demanda.
A expectativa do setor é que os próximos meses mantenham o ritmo positivo nas proteínas vermelhas, impulsionados por contratos já firmados, demanda contínua da Ásia e valorização cambial favorável para o exportador. Resta saber se o frango encontrará novo fôlego à medida que os mercados se ajustam e os custos de produção reflitam as oscilações do milho e da soja, insumos fundamentais para a avicultura.