À primeira vista, o que mais impressiona na samambaia pata de coelho é justamente aquilo que, em outras espécies, costuma passar despercebido: os rizomas. Grossos, felpudos e com coloração prateada a acastanhada, eles rastejam pelas bordas do vaso e evocam, sem esforço, a imagem das patinhas de um coelho escondido entre as folhas. É desse traço peculiar que vem o nome popular da Davallia tyermanii, uma samambaia epífita que, nos últimos anos, conquistou espaço em varandas, interiores e projetos paisagísticos tropicais.
Apesar de ser relativamente nova para muitos colecionadores brasileiros, trata-se de uma planta com longa trajetória botânica. Nativa das florestas úmidas do sudeste da China, Mianmar e Taiwan, o botânico Samuel Gonçalves cita que a Davallia foi batizada em homenagem ao botânico britânico John Simpson Tyerman, colecionador apaixonado por samambaias e curador dos jardins botânicos de Liverpool no século XIX. “A escolha do nome não poderia ser mais simbólica: a espécie representa uma junção entre sofisticação ornamental e rusticidade tropical”, comenta.
Rizomas esculturais e folhas rendadas
Os rizomas da pata de coelho não apenas impressionam pela estética, como também desempenham funções vitais para o desenvolvimento da planta. “Esses caules aéreos acumulam nutrientes e umidade, o que torna a Davallia uma excelente opção para quem busca uma planta resistente e com baixa demanda hídrica”, explica Luciana Montans, bióloga e consultora em jardinagem urbana.

As folhas, por sua vez, surgem em hastes longas e são finamente recortadas, lembrando delicadas rendas verdes que se desenrolam com elegância. Seu porte é médio e, diferente das tradicionais samambaias pendentes como a americana ou a de metro, a Davallia cresce mais contida, formando touceiras cheias de volume, ideais para vasos suspensos, jardineiras e kokedamas.
Versatilidade que agrada decoradores e jardineiros
Com aparência exótica e crescimento moderado, a samambaia pata de coelho vem se tornando uma das queridinhas de quem gosta de plantas ornamentais com toque tropical, mas sem a manutenção trabalhosa. É uma espécie epífita, ou seja, na natureza cresce sobre árvores e troncos, absorvendo umidade do ar e matéria orgânica que se acumula ao redor de suas raízes.
“Essa característica faz dela uma planta adaptável, que se desenvolve bem em vasos com boa drenagem e substrato leve, rico em matéria orgânica. É uma excelente escolha para ambientes internos com luz difusa, varandas ou áreas sombreadas do jardim”, afirma o paisagista Rodrigo Accioly, especialista em folhagens tropicais.
Outra vantagem é sua resistência ao calor e à falta de água por curtos períodos, graças à capacidade de armazenar umidade nos rizomas. Isso faz da Davallia uma excelente companhia para quem está começando no mundo das plantas ou procura uma folhagem de apelo visual marcante e fácil de cuidar.
Como cuidar da samambaia pata de coelho
Para que a Davallia prospere com vigor, é importante replicar ao máximo as condições de seu habitat natural. O ideal é cultivá-la em locais bem iluminados, mas sem sol direto nas folhas, que podem queimar facilmente. A luminosidade indireta, típica de varandas cobertas ou salas bem ventiladas, costuma ser perfeita para estimular o crescimento saudável.
O substrato precisa ser solto, bem drenado e rico em matéria orgânica, podendo incluir fibra de coco, húmus de minhoca e casca de pinus. É fundamental que o vaso tenha furos na base, já que o acúmulo de água nas raízes pode causar apodrecimento dos rizomas.

Quanto as regas, elas devem ser feitas com moderação, mantendo o solo levemente úmido — nunca encharcado. Aliás, durante os meses mais quentes, o ideal é verificar a umidade do substrato com mais frequência e borrifar as folhas, especialmente se o ambiente for seco.
Já as adubações devem ser feitas mensalmente, com fórmulas equilibradas (como NPK 10-10-10) ou preparações orgânicas como bokashi também contribuem para a saúde da planta, garantindo um crescimento vigoroso e folhas mais vistosas.
Um toque exótico com leveza e textura
Além do apelo visual dos rizomas, a samambaia pata de coelho adiciona uma textura única aos espaços. Seja como protagonista de um jardim vertical ou elemento de contraste em composições tropicais, ela confere movimento e delicadeza ao ambiente. Por essa razão, é uma planta muito valorizada por decoradores, arquitetos e paisagistas que buscam vegetações menos óbvias, mas com forte presença estética.
“É uma planta que vai além da folhagem: ela cria conexão emocional com o observador. As pessoas se encantam quando tocam os rizomas felpudos e sentem algo entre o afeto e a surpresa. É uma experiência sensorial”, conclui o paisagista Rodrigo.