Ter um jardim exuberante em casa é o sonho de muitas pessoas, mas poucas sabem que algumas plantas ornamentais, quando cultivadas em condições inadequadas, podem causar danos sérios a vasos, pisos e até à estrutura de calçadas e muros. Por mais bonitas e resistentes que sejam, certas espécies desenvolvem raízes fortes e expansivas, capazes de rachar vasos de cerâmica ou levantar revestimentos de alvenaria. Isso não significa que essas plantas devem ser evitadas a todo custo, mas sim que o cultivo precisa ser feito com conhecimento técnico e planejamento.
Segundo a paisagista Cris Bermudez, o principal erro está na escolha do recipiente e no local de plantio. “Muitas vezes, o que parece uma planta inofensiva pode ter um sistema radicular agressivo, que cresce de forma desordenada em busca de água e espaço”, explica. Entender as características dessas espécies é essencial para evitar prejuízos e garantir que elas convivam em harmonia com o paisagismo.
Sansevieria
Conhecida popularmente como espada-de-são-jorge, a sansevieria é uma das espécies mais resistentes do paisagismo tropical. Com folhas eretas, rígidas e elegantes, ela se tornou símbolo de proteção e é amplamente usada tanto em ambientes internos quanto externos. No entanto, seu rizoma subterrâneo é altamente expansivo e pode romper vasos com facilidade se não houver contenção.

Cris Bermudez alerta que, apesar do crescimento aéreo parecer lento, o subterrâneo é rápido e vigoroso. “Quando plantada diretamente no chão ou em vasos sem limitador, a sansevieria tende a se multiplicar rapidamente, empurrando as bordas do recipiente até trincar o material”, afirma. A melhor forma de controlar isso é usar vasos de plástico grosso ou cimento reforçado e realizar divisões periódicas das touceiras.
Zamioculca
Queridinha da decoração por sua aparência exuberante e baixa manutenção, a zamioculca (Zamioculcas zamiifolia) esconde um detalhe importante: suas raízes tuberosas se expandem lateralmente com bastante força. Ao longo do tempo, essa pressão constante pode fazer o vaso estufar, trincar e até estourar completamente, especialmente quando o recipiente é de cerâmica ou plástico fino.

De acordo com o engenheiro agrônomo Eduardo Funari, o ideal é replantar a zamioculca a cada dois ou três anos, em vasos maiores e mais profundos. “Se você perceber que o substrato está se elevando ou o vaso começou a deformar, é sinal de que as raízes precisam de mais espaço”, ensina. Além disso, ele sugere o uso de substrato leve e drenável para evitar compactação.
Ficus-elástica
Com folhas largas e brilhantes, o ficus-elástica impressiona pela presença escultural, mas é uma planta que exige extrema cautela no paisagismo urbano. Suas raízes são agressivas, fortes e se expandem rapidamente em busca de nutrientes, podendo causar rachaduras em pisos, entupimento de tubulações e até levantamento de calçadas e muros se plantado próximo a estruturas.

“O maior risco é quando a espécie é cultivada diretamente no solo, sem barreiras físicas ou planejamento do espaço”, adverte Eduardo. Ele recomenda utilizar o ficus-elástica apenas em grandes jardins ou áreas afastadas da estrutura da casa. Caso a intenção seja manter a planta em vaso, escolha recipientes grandes, de concreto ou fibra de vidro reforçada, e evite colocá-los sobre pisos sensíveis.
Pata-de-elefante
A pata-de-elefante (Beaucarnea recurvata) é uma planta ornamental conhecida por seu tronco largo e volumoso, que lembra a perna de um elefante. Apesar de crescer lentamente, essa espécie forma um bulbo robusto na base e raízes vigorosas que, com o tempo, se expandem tanto em largura quanto em profundidade, pressionando o interior dos vasos até causar rachaduras.

Para Cris Bermudez, o ideal é respeitar o tempo de crescimento da planta e realizar replantios conforme necessário. “Mesmo sendo uma planta de crescimento lento, a pata-de-elefante precisa de um vaso proporcional ao seu tronco. Caso contrário, o próprio crescimento do caule vai forçar o recipiente e ele pode romper”, explica a paisagista.