A mandioca, tradicional cultura de base alimentar e industrial no Brasil, enfrenta um momento delicado em virtude das condições climáticas adversas. A escassez de chuvas e a baixa umidade do solo nas principais regiões produtoras têm restringido drasticamente o avanço da colheita, o que acendeu o sinal de alerta entre agricultores, indústrias e comerciantes. Com a terra endurecida e o rendimento comprometido, muitos produtores optaram por adiar a retirada da raiz, aguardando melhores condições para operar com menor custo e mais segurança.
Além da dificuldade mecânica no campo, o cenário de rentabilidade apertada tem levado parte dos agricultores a evitar vendas neste momento, preferindo reter o produto na expectativa de uma valorização ainda maior nas próximas semanas. Essa retração natural no fornecimento vem sustentando os preços da mandioca em alta contínua, refletindo a oferta enxuta e a maior dificuldade de escoamento.
Indústria reduz moagem com queda no fornecimento da raiz
Nas fecularias e farinheiras, a consequência foi imediata: sem matéria-prima suficiente, muitas plantas operaram abaixo da capacidade ideal. A moagem semanal ficou aquém do esperado, afetando diretamente o volume de derivados no mercado. Essa retração na entrada da raiz elevou a tensão sobre os estoques e desencadeou um novo ciclo de valorização dos preços.
No segmento da fécula de mandioca, as negociações ganharam intensidade, impulsionadas pela corrida de indústrias compradoras que passaram a adquirir lotes maiores para recompor estoques e garantir o fornecimento nos próximos meses. Essa movimentação resultou em maior dinamismo comercial, apesar das dificuldades enfrentadas na base produtiva.
Farinha também registra alta na procura, mas oferta segue contida
A farinha de mandioca, por sua vez, também apresentou crescimento na demanda, especialmente por parte de pequenos e médios distribuidores. Contudo, com os volumes de produção limitados e os estoques já curtos, as negociações seguem travadas em muitas regiões. O resultado é um mercado em que o interesse de compra não se traduz em operações volumosas, dada a escassez do produto final.
Mesmo diante da pressão compradora, a produção continua limitada pela própria escassez da raiz, criando um descompasso entre oferta e demanda. Em várias praças acompanhadas, essa defasagem vem se mantendo de forma persistente, com tendência de continuidade.