A manhã do próximo sábado (11) em Foz do Iguaçu promete ser diferente. Às 7h em ponto, um pequeno grupo de moradores e amantes da natureza dará início à primeira edição do Passarinhar Paraná na cidade, em uma expedição guiada pelo Parque Monjolo, uma das áreas verdes mais ricas em biodiversidade no Oeste do Estado. A atividade gratuita, organizada pelo Instituto Água e Terra (IAT), já teve todas as suas vagas preenchidas, o que mostra o crescente interesse pela observação de aves como prática ambiental e de lazer.
A proposta do evento é simples, mas poderosa: permitir que os participantes caminhem pela trilha do parque observando, identificando e registrando aves silvestres típicas da região. A experiência é imersiva, silenciosa e delicada — uma oportunidade de perceber a vida que vibra nos galhos, entre as copas das árvores e nos sons do amanhecer.
Entre os prováveis protagonistas da expedição estão espécies encantadoras da Mata Atlântica, como o Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri), o exuberante Gaturamo-bandeira (Chlorophonia cyanea), conhecido pelo contraste vivo de suas cores, e o Guaxe (Cacicus haemorrhous), ave de plumagem escura e comportamento social marcante. O ambiente do parque, com sua vegetação densa e trilhas sombreadas, oferece abrigo e alimento a dezenas de espécies, favorecendo a prática do birdwatching durante todo o ano.
Além da contemplação, o Passarinhar tem uma missão técnica: as aves avistadas serão registradas por meio do eBird, um aplicativo de alcance global que compila dados sobre a avifauna de diversas regiões do mundo. O uso da plataforma permite que cada observação feita pelos participantes contribua com bancos de dados científicos, ampliando o conhecimento sobre a distribuição e comportamento das aves brasileiras. Para isso, o aplicativo deve ser instalado com antecedência — ainda que funcione mesmo offline, é importante garantir seu uso adequado no campo.
Embora as inscrições estejam encerradas, a estreia do Passarinhar em Foz do Iguaçu marca um passo importante na ampliação do projeto pelo Estado. Criado pelo IAT como parte do programa Parques Paraná, o evento já passou por cidades como Guaratuba, Ilha do Mel, Morretes e Palotina, sempre com o intuito de valorizar o uso público das Unidades de Conservação e incentivar o ecoturismo sustentável.
A ação é também uma estratégia de educação ambiental. Ao promover encontros entre as pessoas e as aves nativas do seu território, o Passarinhar ajuda a construir laços afetivos e uma percepção mais sensível do ambiente. Afinal, ao reconhecer o canto de um gaturamo ou observar o voo coletivo dos guaxes, cria-se um elo direto com a natureza — e, com isso, uma nova responsabilidade sobre sua preservação.
Para garantir o conforto dos participantes, o Instituto orienta o uso de roupas leves, sapatos fechados apropriados para trilhas e, se possível, equipamentos próprios como binóculos e câmeras. Contudo, o IAT também disponibiliza alguns binóculos para empréstimo durante a caminhada, o que torna a atividade acessível mesmo a quem está começando no universo da observação de aves.
Com o sucesso da iniciativa e a receptividade do público, a expectativa é que o Passarinhar Paraná ganhe novas datas e localidades ao longo do ano, reforçando sua vocação como ponte entre a conservação ambiental e a experiência sensorial de estar na natureza. E Foz do Iguaçu, com sua riqueza de fauna e flora, passa a fazer parte desse caminho.