Enquanto o mamão formosa mantém seu valor elevado nos mercados atacadistas, a variedade havaí vem ganhando protagonismo entre produtores e consumidores. A tendência, observada ao longo da primeira quinzena de outubro, reflete um movimento de substituição da demanda impulsionado diretamente pelos preços — uma dinâmica clássica de mercado, mas com efeitos que vão além da simples escolha na feira.
Na última semana avaliada (de 6 a 10 de outubro), o mamão formosa apresentou estabilidade nos preços, sendo comercializado, em média, a R$ 3,52/kg no Sul da Bahia, principal região produtora da variedade. Mesmo sem novas altas expressivas neste período, o valor se manteve em patamar elevado, reflexo das sucessivas valorizações registradas nas semanas anteriores.
Esse histórico de aumentos seguidos afastou parte dos compradores, sobretudo nas centrais de abastecimento e no varejo, que passaram a buscar alternativas mais econômicas para atender à demanda do consumidor final. A resposta foi imediata: o mamão havaí, tradicionalmente menor e de valor mais acessível, passou a ocupar esse espaço com mais força.
A valorização do havaí: efeito colateral da substituição
No Norte do Espírito Santo, importante polo de produção do havaí 12-18, os reflexos já são visíveis. Segundo dados do Hortifrúti/Cepea, a variedade foi negociada a R$ 1,21/kg, registrando alta de 20% em relação à semana anterior. A valorização ocorre mesmo diante de uma maior oferta disponível, o que normalmente pressionaria os preços para baixo.
Entretanto, o aquecimento da demanda — redirecionada do formosa para o havaí — tem sustentado os valores em alta. Na prática, isso indica que a escolha do consumidor está sendo pautada não apenas pelo valor absoluto, mas também pela percepção de custo-benefício, sobretudo em tempos de poder de compra mais apertado e variações nos preços de hortifrutis em geral.