Resumo
O café arábica da Nova Alta Paulista recebeu o selo de Indicação Geográfica, reconhecendo sua qualidade e origem no oeste do Estado de São Paulo.
O selo, concedido pelo INPI, é a 11ª IG paulista e a sexta ligada à cafeicultura, fortalecendo a identidade regional e valorizando o produto local.
A região, historicamente ligada ao café desde o século 20, resgata sua tradição após perdas causadas pela geada de 1975 e reforça o vínculo com seus pioneiros.
O reconhecimento abrange 23 municípios e pode incluir outros que retomarem o cultivo, estimulando o crescimento e a união dos produtores.
A gestão da IG será feita pela Associação dos Produtores de Pacaembu, que prevê valorização territorial e expansão dos cafés especiais na região.
A paisagem rural da Nova Alta Paulista acaba de receber um novo motivo de orgulho: o café arábica cultivado na região foi oficialmente reconhecido com o selo de Indicação Geográfica (IG). O reconhecimento, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), foi celebrado no último dia 7 de outubro e reforça a identidade única do café produzido nos solos férteis do oeste paulista.
Este selo, além de destacar a procedência do grão, funciona como uma chancela de qualidade e autenticidade, atribuindo valor agregado ao produto e ao território. Trata-se da 11ª IG concedida no estado de São Paulo, e a sexta diretamente ligada à cafeicultura paulista, um feito que posiciona a Nova Alta Paulista ao lado de regiões tradicionalmente reconhecidas por cafés de excelência.
O café como raiz histórica e cultural da Nova Alta Paulista
A trajetória do café na Nova Alta Paulista remonta à segunda metade do século 20, período em que a cultura cafeeira se tornou o principal vetor de desenvolvimento socioeconômico da região. Entretanto, a famosa geada de 1975 foi um divisor de águas: devastando vastas áreas de plantio, forçou muitos produtores a migrar para outras culturas. Mesmo assim, o vínculo histórico com o café jamais se perdeu, e a memória dos pioneiros que desbravaram a região continua viva no cotidiano dos moradores.
Aliás, esse legado foi um dos pilares que sustentou o pleito da IG, conforme reforçado pelo superintendente estadual da Agricultura e Pecuária, Estanislau Steck. Para ele, além de reconhecer um produto de excelência, o selo reafirma a resistência de uma comunidade que preservou a vocação cafeeira diante das adversidades do clima e do tempo.
Uma nova etapa para os produtores e municípios da região
Com a emissão do Instrumento Oficial de Delimitação Geográfica, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) definiu os contornos da área apta a utilizar o selo de origem. No total, 23 municípios já foram oficialmente incluídos, entre eles Tupã, Dracena, Osvaldo Cruz, Lucélia e Adamantina. Outras sete cidades poderão ser incorporadas futuramente, desde que retomem o cultivo de café e cumpram as diretrizes estabelecidas no caderno de especificações técnicas da IG.
Essa flexibilidade é estratégica: abre margem para que novos produtores ingressem na cadeia, fortalecendo a coesão regional e promovendo oportunidades de reestruturação da cafeicultura nos municípios vizinhos.
Hoje, mais de cem cafeicultores da região já demonstraram interesse em participar ativamente da valorização da marca territorial. Estima-se que o território abrigue cerca de mil produtores e mais de 400 mil habitantes, o que evidencia o potencial de impacto da IG sobre a economia local.
Valorização do território e retomada da identidade cafeeira
A gestão da Indicação Geográfica ficará a cargo da Associação dos Produtores Rurais de Pacaembu e Região (Aprup), entidade que assume a responsabilidade de zelar pela conformidade das práticas e de estimular o crescimento sustentável da atividade cafeeira. Segundo a própria associação, a perspectiva é de que o selo gere um novo ciclo de prosperidade, com a valorização do produto, do território e da cultura regional.
E, de fato, os sinais de retomada já começaram a aparecer. Concursos de qualidade de café, que haviam sido interrompidos em 2015, voltaram a ocorrer a partir de 2023 — justamente durante o processo de obtenção da IG. Desde então, o número de amostras avaliadas como cafés especiais cresceu significativamente, sinalizando o aprimoramento técnico e o entusiasmo dos produtores.
ℹ️ Nota de contexto:
As informações e dados apresentados neste artigo são baseados em comunicados oficiais do INPI e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Detalhes sobre a delimitação geográfica e o número de produtores participantes podem evoluir conforme novas atualizações e revisões do registro da Indicação Geográfica.