Resumo
Escolas do Paraná estão usando abelhas sem ferrão como parte de um projeto interdisciplinar de educação ambiental voltado ao ensino médio.
As colmeias fazem parte do cotidiano escolar, onde os alunos alimentam, observam e estudam espécies nativas como jataí e mandaçaia.
O projeto aproxima os estudantes da natureza, ensina sobre biodiversidade e sustentabilidade e melhora o engajamento nas aulas.
Colégios como Júlia Wanderley e Leôncio Correia já implantam jardins de mel e colmeias em árvores, paredes e até no concreto.
O Paraná possui mais de 30 espécies nativas de abelhas sem ferrão, fundamentais para a polinização da Mata Atlântica e foco de iniciativas como o Poliniza Paraná.
No coração de Curitiba, um zumbido suave anuncia uma revolução silenciosa no ensino. Em colégios da rede estadual, como o Júlia Wanderley e o Leôncio Correia, as abelhas sem ferrão deixaram de ser apenas tema de aula para se tornarem protagonistas da transformação pedagógica e ecológica. Entre jardins, pátios e até paredes, colmeias se espalham como pequenos centros de vida e aprendizado, aproximando os estudantes do fascinante universo da biodiversidade nativa.
A proposta nasceu de uma iniciativa inovadora de Educação Socioambiental Interdisciplinar, que conecta disciplinas como biologia, geografia, matemática e artes por meio de um elemento incomum: a meliponicultura — ou criação de abelhas nativas. Com foco nas espécies brasileiras, como jataí, mandaçaia e mirim, o projeto transforma a escola em um ecossistema pulsante, onde os alunos não apenas observam, mas interagem ativamente com as colmeias.
Aliás, o cotidiano escolar ganhou novas práticas. Agora, alimentar as abelhas com xarope e proteínas naturais, observar suas rotinas e registrar comportamentos fazem parte do currículo. Além disso, o mel colhido ali mesmo — em pequenas quantidades, mas com grande valor educativo — oferece aos estudantes uma experiência sensorial que reforça a conexão entre natureza e conhecimento.

As colmeias, feitas de madeira ou materiais recicláveis, ocupam pontos estratégicos nas unidades escolares: algumas se integram a árvores, outras foram adaptadas às paredes ou estruturas de concreto. Essas escolhas são mais que funcionais; elas expressam o desejo de tornar visível, palpável e presente o valor das abelhas na manutenção dos ecossistemas e na produção de alimentos.
Enquanto os estudantes aprendem a manejar os enxames e perdem o medo dos insetos, os colégios passam a acolher atividades que vão muito além da observação. Há espaço para pesquisas, ilustrações botânicas, análises ambientais e até redações inspiradas no comportamento das abelhas — um verdadeiro laboratório a céu aberto. Em algumas escolas, como o Júlia Wanderley, já se inicia a implantação do chamado “Jardim de Mel”, inspirado em políticas públicas sustentáveis e com potencial para se expandir ainda mais nos próximos anos.
A proposta de usar abelhas nativas como ferramenta de ensino vem se espalhando por diferentes instituições do estado, criando uma rede colaborativa de educação ambiental. Esses projetos, alinhados com iniciativas como o “Poliniza Paraná” e os próprios Jardins de Mel da capital paranaense, reforçam o protagonismo estudantil e o contato direto com a natureza.
Além do encantamento natural que as abelhas provocam, a iniciativa tem gerado impactos visíveis no clima escolar. Professores relatam aumento no engajamento dos alunos, melhora no ambiente das aulas e, sobretudo, o fortalecimento de valores como empatia, responsabilidade ambiental e pertencimento.
O Paraná, aliás, se destaca como um dos estados com maior diversidade de abelhas nativas sem ferrão no Brasil — são mais de 30 espécies catalogadas, essenciais para a polinização da Mata Atlântica e a manutenção dos sistemas produtivos. Os meliponários espalhados pelo estado, inclusive em locais como o Palácio Iguaçu e diversas Unidades de Conservação, são fruto de um esforço coordenado para resgatar o valor das espécies nativas e torná-las símbolo de sustentabilidade.



