Resumo
- A Alemanha se tornou o principal destino do café brasileiro em setembro, superando os Estados Unidos após a imposição de tarifas de 50% sobre o produto.
- A Colômbia surpreendeu ao aumentar em 567% as compras do café brasileiro no mês, marcando sua estreia entre os dez maiores importadores do grão nacional.
- Apesar da queda de 18,4% no volume exportado, a receita cambial do setor cresceu 11,1%, ultrapassando US$ 1,37 bilhão no período.
- O café arábica representou 79% das exportações, enquanto o conilon (canephora) somou 13% e o café solúvel, 8% do total embarcado.
- Os cafés diferenciados já respondem por 20,3% das exportações do Brasil em 2025, com destaque para EUA, Alemanha e Bélgica entre os principais compradores desse segmento.
A geografia do café brasileiro ganhou novos contornos em setembro. A Alemanha ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se o principal destino das exportações nacionais, consolidando-se como o maior comprador do produto. O destaque, porém, vem da Colômbia — tradicional concorrente na produção mundial de café —, que aumentou em expressivos 567% suas importações do grão brasileiro no período.
Os dados fazem parte do relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado em 24 de outubro, que revela uma reconfiguração importante no cenário global após a imposição da tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre os cafés brasileiros desde agosto.
O chamado tarifaço promovido pelo governo norte-americano provocou uma retração significativa nas exportações para os EUA, que caíram 52,8% em relação a setembro de 2024. Esse recuo abriu espaço para novos destinos, com a Alemanha assumindo a liderança e consolidando o mercado europeu como principal destino do café nacional.
Mesmo diante da queda no volume total embarcado, a receita cambial das exportações brasileiras de café apresentou crescimento de 11,1%, totalizando US$ 1,37 bilhão. No período, o Brasil exportou 3,75 milhões de sacas de 60 kg, número 18,4% menor que o registrado no mesmo mês do ano anterior.
Entre as variedades exportadas, o Coffea arabica manteve sua predominância e respondeu por 79% do volume total, alcançando 2,96 milhões de sacas. Já o Coffea canephora (conilon e robusta) representou 13% das vendas externas, com 489,68 mil sacas, enquanto o café solúvel completou o quadro com 8% do total exportado, equivalente a 290 mil sacas.
No ranking global de compradores, a Alemanha importou 654,6 mil sacas, o que corresponde a 17,5% das vendas brasileiras. Logo atrás aparecem Itália (334,65 mil sacas) e Estados Unidos (332,83 mil sacas), seguidos por Japão, Bélgica, Holanda, Turquia, Espanha, Colômbia e Canadá.
A presença da Colômbia entre os dez maiores compradores do café brasileiro é um dos dados mais simbólicos do relatório. O país, reconhecido por ser o segundo maior produtor mundial de arábica, passou a importar volumes expressivos do Brasil, refletindo uma nova dinâmica no comércio internacional do grão.
O aumento de 567,66% em relação a setembro de 2024 fez da Colômbia um parceiro de peso. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, as importações colombianas cresceram 42,6%, o que demonstra a forte integração comercial e a complementaridade entre os dois países produtores.
O relatório do Cecafé também destaca a consolidação dos cafés diferenciados — aqueles de qualidade superior ou certificados por práticas sustentáveis — como uma das principais apostas do setor. Entre janeiro e setembro de 2025, eles representaram 20,3% das exportações totais, com 5,91 milhões de sacas e US$ 2,51 bilhões em receita.
Nesse segmento, os Estados Unidos ainda mantêm a liderança, com 987,5 mil sacas importadas, seguidos pela Alemanha (825,6 mil) e pela Bélgica (667,8 mil).



