Resumo
• Startup curitibana Neosilos desenvolveu o NVisio, equipamento que usa inteligência artificial para análise rápida e precisa de grãos.
• A tecnologia elimina a subjetividade da classificação manual e fortalece a confiança entre produtores e compradores.
• O projeto recebeu apoio financeiro do programa estadual Paraná Anjo Inovador, permitindo avanço no desenvolvimento e testes em cooperativas.
• A solução já demonstra impacto real na cadeia produtiva, com padronização de dados e maior transparência nas negociações.
• A Neosilos dobrou o número de colaboradores, conquistou prêmios e busca se tornar referência nacional em classificação digital de grãos.
A cidade de Curitiba se tornou palco de uma inovação que promete mudar os rumos da análise de grãos no Brasil. A startup Neosilos, nascida em meio a hackatons voltados ao agronegócio, desenvolveu um equipamento capaz de classificar grãos como milho e soja em poucos segundos, utilizando inteligência artificial para garantir mais precisão, agilidade e confiança no processo.
A tecnologia foi impulsionada pelo programa Paraná Anjo Inovador, iniciativa do Governo do Estado que oferece até R$ 250 mil a projetos de alto impacto, por meio da Secretaria da Inovação e Inteligência Artificial (Seia). Com esse apoio, a Neosilos conseguiu avançar no desenvolvimento do NVisio, uma máquina que utiliza visão computacional e algoritmos sofisticados para identificar grãos sadios e avariados com um nível de acurácia muito superior ao método tradicional, feito a olho nu.
Solução nasce de uma dor do mercado
A ideia por trás do NVisio surgiu em 2021, quando os fundadores da Neosilos — Ian Cavalcante, Daniel Ruiz, Rene Gagliano e Davi Krieger — perceberam um gargalo recorrente nas operações de classificação manual: a escassez de profissionais especializados e a subjetividade do processo. A partir daí, reuniram um time multidisciplinar com engenheiros, agrônomos e cientistas da computação para propor uma alternativa tecnológica capaz de atender à demanda crescente do setor agrícola por soluções mais padronizadas.
O equipamento funciona de forma simples e eficiente: o usuário insere a amostra de grãos em um compartimento, e em poucos segundos o sistema emite um relatório preciso com a proporção entre grãos sadios e defeituosos. Isso elimina a variabilidade de resultados entre classificadores humanos e cria um padrão confiável que pode ser replicado em diversas regiões e safras.
Impacto direto na cadeia produtiva
Mais do que uma inovação de laboratório, o NVisio já passou por testes em cooperativas agrícolas do Paraná, ganhando validação prática no campo. Com a automação da classificação, o equipamento não apenas acelera o processo, mas fortalece a confiança entre produtores e compradores, que agora contam com dados objetivos para negociar seus insumos. Esse avanço é especialmente relevante em momentos de grande movimentação de grãos, quando decisões comerciais precisam ser tomadas com rapidez e base técnica.
Segundo Ian Cavalcante, a padronização do processo representa um salto importante na governança de dados da produção agrícola. “Hoje, o sistema tradicional é totalmente visual e depende da experiência de quem analisa. Com a inteligência artificial, conseguimos retirar a subjetividade e criar um processo repetível, mais transparente e justo para todos os envolvidos”, afirma o empreendedor.
Crescimento impulsionado pelo apoio público
Graças ao suporte do Paraná Anjo Inovador, a Neosilos não apenas ampliou sua equipe de sete para quatorze profissionais, como também conquistou novos reconhecimentos. A startup foi premiada pela Fundação Araucária, contemplada no programa Tecnova e homenageada no Prêmio Inova Maringá, ao lado da cooperativa Cocamar, com destaque para a categoria “Inovação em Processos”.
Com o produto pronto para escalar, a empresa agora busca expandir sua atuação para outros estados e se tornar referência nacional em classificação digital de grãos. Além do ganho comercial, a proposta da Neosilos representa um modelo de como o investimento público em inovação pode gerar impactos reais, fortalecendo cadeias produtivas, gerando empregos qualificados e posicionando o Paraná como um celeiro de tecnologias voltadas ao agronegócio.



