A laranja de mesa, que vinha sustentando bons preços impulsionada pela demanda consistente, apresentou um recuo nos valores nos últimos dias de outubro. O mercado, até então aquecido, deu sinais de desaceleração conforme os consumidores passaram a adiar suas compras à espera do próximo pagamento. Esse comportamento, típico do fim de mês, afetou diretamente os volumes comercializados nos entrepostos, levando os agentes a reduzirem os pedidos e, por consequência, os preços.
A queda reflete uma movimentação comum no setor de hortifrúti: nas semanas que antecedem o recebimento dos salários, o consumo tende a encolher, principalmente em produtos frescos e perecíveis, como frutas. Essa retração faz com que comerciantes e distribuidores recuem na quantidade comprada, com o intuito de evitar sobras e perdas. A laranja, mesmo sendo uma fruta de grande saída, não escapou da lógica do mercado.
Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), entre os dias 27 e 30 de outubro, a laranja pera de mesa foi negociada a uma média de R$ 61,47 por caixa de 40,8 kg, valor que representa uma queda de 0,19% em relação à semana anterior. Embora o recuo seja discreto, ele marca uma inflexão importante na curva de preços que vinha sendo impulsionada pela boa qualidade dos frutos e pela procura ativa do consumidor nas últimas semanas.
Vale lembrar que o clima mais seco em algumas regiões produtoras ajudou a manter a qualidade das frutas ofertadas neste segundo semestre. No entanto, quando o fluxo de vendas perde força, como aconteceu agora, a valorização do produto não se sustenta, mesmo com boa aparência e sabor.
No segmento industrial, por outro lado, os preços da laranja seguem estáveis. De acordo com agentes consultados pelo Cepea, as cotações continuam girando em torno de R$ 50 por caixa, sem grandes oscilações. A estabilidade nesse setor está ligada aos contratos de fornecimento firmados com antecedência e à demanda constante da indústria de sucos, que ainda mantém o ritmo de processamento ativo, mesmo fora do pico da safra.
Enquanto isso, produtores acompanham o mercado com atenção. A expectativa é de que, com o início de novembro e o pagamento dos salários, a demanda volte a se aquecer, restabelecendo o equilíbrio entre oferta e procura. A oscilação no preço, embora sutil, serve de alerta para os elos da cadeia de comercialização, que precisam adaptar seus volumes ao comportamento do consumidor — ainda mais em períodos de incerteza econômica.



