Resumo
- O Brasil apresentará na COP 30, em Belém, projetos do Ministério da Agricultura que comprovam a viabilidade de uma agropecuária sustentável e de baixa emissão de carbono.
- O Plano RAIZ propõe restaurar terras degradadas, recuperar a produtividade do solo e gerar empregos verdes, fortalecendo a segurança alimentar.
- Parceria com o Reino Unido busca uso eficiente de fertilizantes, promovendo a transição para bioinsumos e amônia verde, com menor impacto ambiental.
- Iniciativas de captura de carbono no solo ampliam o uso de tecnologias como plantio direto e biochar, tornando a agricultura mais resiliente ao clima.
- Ações voltadas à pecuária e ao cultivo de arroz reduzem emissões de metano, reforçando o papel do Brasil como líder global na transição agroambiental.
O Brasil está prestes a ocupar um papel de protagonismo na próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA). Com ações concretas no campo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentará ao mundo um conjunto de iniciativas que comprovam a viabilidade de uma agropecuária produtiva, resiliente e alinhada aos compromissos globais de descarbonização.
A participação brasileira se destacará em quatro Planos de Aceleração de Soluções (PAS), parte da Agenda de Ação da conferência. Essas frentes envolvem temas como restauração de terras degradadas, uso sustentável de fertilizantes, captura de carbono em áreas agrícolas e redução de emissões na pecuária. Mais do que promessas, tratam-se de programas já em curso, integrando conhecimento científico, apoio institucional e envolvimento direto de produtores rurais.
Terras degradadas que voltam a produzir
Uma das propostas mais emblemáticas é o Plano RAIZ, iniciativa que busca reverter a degradação de solos agrícolas em larga escala. Com apoio de organismos internacionais e sob liderança do Mapa, o projeto tem foco em mapear áreas improdutivas, mobilizar financiamento para restauração e conectar agricultores, governos e investidores. A recuperação dessas áreas não apenas devolve a produtividade ao solo, como também promove biodiversidade, renda rural e segurança alimentar.
Segundo dados do próprio Ministério, mais de 100 milhões de hectares no Brasil apresentam algum grau de degradação. A proposta, portanto, ganha força como solução climática e econômica, já que reduz a pressão por novos desmatamentos ao reintegrar áreas já abertas à produção sustentável.
Fertilizantes sob nova ótica: menos desperdício, mais eficiência
Outro plano que ganha relevância é o que trata do uso inteligente de fertilizantes. Em colaboração com o Reino Unido, o Brasil propõe uma transição para sistemas mais eficientes, que envolvem fertilizantes orgânicos, amônia verde e bioinsumos. O foco está em reduzir o uso excessivo de insumos sintéticos, melhorar o manejo nutricional das lavouras e garantir acesso equitativo às tecnologias para pequenos e médios produtores.
Ao mesmo tempo, a proposta contribui para o enfrentamento da volatilidade nos preços dos fertilizantes e diminui a dependência externa do setor, fortalecendo a autonomia do agronegócio nacional com ganhos ambientais.
Carbono no solo: o aliado invisível da agricultura do futuro
Com a crescente pressão internacional por metas de neutralidade climática, o Mapa também aposta na agricultura como fonte de remoção de carbono. A proposta, desenvolvida em parceria com a Cascade Climate, visa expandir práticas como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o uso de biochar – técnica que transforma resíduos orgânicos em carvão vegetal para ser incorporado ao solo.
Essas práticas aumentam a capacidade do solo de armazenar carbono, ao mesmo tempo em que melhoram a estrutura e a fertilidade da terra. A meta é clara: ampliar a resiliência climática da produção rural e gerar benefícios alimentares e ambientais até 2030.
Pecuária com menos metano e mais produtividade
O quarto plano do Brasil na COP 30 foca na pecuária e no cultivo de arroz, com ênfase na redução das emissões de metano – gás de efeito estufa com alto potencial de aquecimento global. A estratégia contempla práticas sustentáveis que aumentam a eficiência produtiva dos rebanhos, otimizam o manejo de pastagens e reduzem a fermentação entérica.
Ao mesmo tempo, a ação envolve a modernização do campo por meio de tecnologias acessíveis, posicionando os agricultores e pecuaristas como agentes centrais da transformação agroambiental.



