Enquanto o consumo interno segue estável e os custos de produção apresentam leve alívio, o que parecia um alento para os produtores de leite acabou se transformando em mais uma fonte de preocupação. O valor pago pelo litro ao produtor voltou a cair, acentuando um ciclo de desvalorização que ameaça a sustentabilidade econômica de milhares de propriedades em todo o país.
Segundo a mais recente análise da Scot Consultoria, o pagamento de setembro — referente à produção entregue em agosto — registrou uma queda de 2,0% na média nacional. O recuo, embora pareça moderado, representa mais uma peça no quebra-cabeça de um ano marcado por oscilações, alta oferta e margens cada vez mais espremidas.
Oferta supera a demanda e pressiona os preços
O principal fator por trás dessa queda contínua é o aumento da produção, que, impulsionado por condições climáticas favoráveis e maior produtividade nos rebanhos, supera o ritmo da demanda. O desequilíbrio entre oferta e consumo criou um cenário em que o mercado interno não consegue absorver todo o volume disponível, forçando a retração nos preços pagos à cadeia produtiva.
Esse excesso de leite cru disponível acaba gerando um efeito dominó. Indústrias processadoras têm mais opções de fornecedores e negociam valores menores, enquanto os produtores, pressionados por custos operacionais e endividados após períodos anteriores de alta nos insumos, veem seus ganhos diminuírem mês a mês.



