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Brasil é origem de fungo mortal que ameaça sapos no mundo

Nova análise confirma linhagem brasileira responsável pela expansão global da quitridiomicose

by Claudio P. Filla
17 de novembro de 2025
in Natureza
Brasil é origem de fungo mortal que ameaça sapos no mundo
Resumo

• Pesquisadores confirmam que a linhagem Bd-Brazil, causa da quitridiomicose, surgiu no Brasil e se espalhou décadas depois para outros continentes.
• Registros históricos em museus mostram o fungo presente no país desde 1916, muito antes da introdução da rã-touro e do comércio internacional.
• A rã-touro criada em ranários brasileiros atuou como vetor silencioso, levando o fungo para países como Estados Unidos e Coreia do Sul.
• A Bd-Brazil é menos virulenta que outras linhagens, mas sua dispersão global afetou espécies sem defesas evolutivas, causando declínios severos.
• A descoberta reforça a urgência de controles sanitários internacionais para impedir novas disseminações e proteger populações de anfíbios no mundo.

A crise global dos anfíbios, marcada por desaparecimentos súbitos de sapos, rãs e pererecas ao redor do planeta, tem raízes muito mais profundas do que a ciência imaginava. Enquanto pesquisadores buscavam explicações para o declínio silencioso de espécies inteiras, a pista decisiva estava guardada em coleções brasileiras desde o início do século 20. Aliás, nos frascos esquecidos de museus, um fungo microscópico e altamente adaptável deixava rastros de uma história que agora começa a ser recontada.

O Batrachochytrium dendrobatidis — conhecido simplesmente como Bd — é o agente causador da quitridiomicose, uma doença capaz de desregular a função da pele dos anfíbios, levando-os à morte. Entretanto, não é qualquer ramificação desse fungo que está no centro da discussão, mas uma linhagem específica: a Bd-Brazil. Essa variante genética, presente no país há mais de um século, foi finalmente reconhecida como originária do território brasileiro, abrindo novos caminhos para compreender como a doença se espalhou globalmente.

O estudo, publicado na Biological Conservation, demonstra que a Bd-Brazil circulava no Brasil desde, pelo menos, 1916 — muito antes de a crise dos anfíbios atingir escala mundial. Assim, a descoberta confirma uma suspeita antiga e desmonta a hipótese de que o fungo teria surgido na Ásia, como sugerido por pesquisas anteriores.

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A disputa científica pela origem

A confirmação brasileira não veio sem resistência. Em 2012, a linhagem foi descrita pela primeira vez e recebeu o nome Bd-Brazil, pela predominância em espécies nativas do país. Entretanto, seis anos depois, um artigo publicado na revista Science propôs que a linhagem poderia ter origem na Península Coreana, rebatizando-a como Bd-Asia-2/Bd-Brazil. A sugestão colocou em dúvida a narrativa construída até então, ampliando a necessidade de uma investigação mais completa.

Apesar da controvérsia, pesquisadores da Unicamp persistiram. Eles reuniram análises genéticas, evidências históricas, dados ecológicos e registros zoológicos que, quando conectados, apontam para a mesma direção: o fungo emergiu no Brasil antes de se espalhar para outros continentes.

O trabalho de bastidores para desvendar a história

A reconstrução dessa trajetória exigiu uma combinação rara de ciência, paciência e acesso a coleções centenárias. Espécimes preservados desde 1815 foram reexaminados utilizando técnicas modernas que detectam vestígios do patógeno em tecidos antigos. Assim, 2.280 exemplares de sapos e rãs, coletados em museus do mundo inteiro, passaram por triagem. Destes, 40 testaram positivo para o Bd.

O registro mais antigo veio de um sapo coletado nos Pireneus franceses em 1915, mas foi o segundo caso — de um exemplar brasileiro, colhido em 1964 — que consolidou a importância do país na história evolutiva da doença. Entretanto, o dado decisivo estava em outro achado: sinais da Bd-Brazil foram identificados em materiais datados de 1916, comprovando sua circulação local muito antes da introdução de anfíbios exóticos ou da expansão internacional do comércio.

A rã-touro e sua participação inesperada

A rã-touro americana (Aquarana catesbeiana) é peça-chave na expansão global do fungo. Introduzida no Brasil em 1935 e novamente na década de 1970, ela se tornou protagonista do mercado de carne de rã. Porém, enquanto se adaptava com facilidade aos ranários brasileiros, carregava em sua pele a Bd-Brazil — sem adoecer.

A resistência da espécie fez dela um vetor silencioso. Quando o Brasil passou a exportá-la, o fungo seguiu viagem, alcançando Estados Unidos, Coreia do Sul e outros países envolvidos na cadeia comercial. O rastreamento de mais de 3.600 rotas internacionais de exportação confirmou que a linhagem apareceu nesses países somente após sua presença comprovada no Brasil.

Por que isso muda tudo

A Bd-Brazil, embora letal em determinadas condições, apresenta virulência moderada quando comparada a outras linhagens, como a Bd-GPL, associada a colapsos populacionais em vários continentes. Contudo, sua presença no comércio internacional favoreceu o cruzamento entre linhagens, o que pode ter acelerado a evolução de variantes mais agressivas.

No Brasil, o fungo convive com espécies nativas há mais de um século. Aliás, muitas delas parecem ter desenvolvido tolerância fisiológica, convivendo com o patógeno sem declínios dramáticos. Porém, ao ser introduzido em novos ecossistemas, o Bd encontra anfíbios sem defesas evolutivas, desencadeando extinções locais e desequilíbrios ecológicos.

O alerta global

A pesquisa reforça a urgência de regulamentações internacionais rigorosas para o transporte de animais vivos. Protocolos de quarentena, triagem compulsória de patógenos e medidas sanitárias padronizadas são apontados como essenciais para evitar novas disseminações. Afinal, a história da Bd-Brazil mostra como um microrganismo pode atravessar fronteiras e transformar ecossistemas inteiros.

Além disso, a descoberta suscita uma reflexão sobre o papel das atividades humanas na dispersão de doenças emergentes. A cada navio, avião ou carga de animais vivos, microrganismos invisíveis podem estar cruzando continentes sem qualquer controle.

Uma peça-chave para compreender a crise dos anfíbios

Ao desvendar a genealogia da Bd-Brazil, pesquisadores avançam na compreensão da quitridiomicose e abrem espaço para novas estratégias de conservação. A ciência agora tem um início de linha do tempo mais claro, reforçando a importância de estudos retrospectivos em coleções zoológicas e da integração entre genética, ecologia e história natural.

O fungo que hoje ameaça anfíbios em todos os continentes nasceu aqui, se espalhou a partir do Brasil e se tornou um dos maiores desafios contemporâneos para a conservação da biodiversidade. Assim, compreender sua origem não é apenas resolver um enigma — é um passo essencial para proteger as espécies que ainda resistem.

  • Claudio P. Filla

    Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.

    E-mail: [email protected]

Via: André Julião | Agência FAPESP

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