Resumo
• O Paraná registrou a maior safra de sua história em 2024/25, alcançando 46,8 milhões de toneladas e movimentando R$ 68 bilhões em Valor Bruto da Produção.
• O milho foi o grande protagonista da supersafra, atingindo 21 milhões de toneladas e fortalecendo cadeias como suínos, frangos e postura.
• Trigo e aveia tiveram desempenho expressivo no inverno, com a aveia alcançando seu melhor resultado em dez anos e ajudando na diversificação agrícola.
• A soja avançou com 5,58 milhões de hectares plantados e lavouras em boas condições, consolidando o potencial produtivo para o próximo ciclo.
• A expansão da fruticultura, especialmente a goiaba, e a estabilidade das olerícolas reforçam a diversificação do agronegócio paranaense.
O Paraná encerrou o ciclo 2024/25 registrando a maior safra de grãos de toda a sua trajetória agrícola. Com 46,8 milhões de toneladas colhidas, o estado consolida um ano marcado por clima mais regular, avanços em tecnologia de manejo e uma combinação de culturas que ampliou o potencial produtivo regional. A estimativa de Valor Bruto da Produção (VBP) atinge R$ 68 bilhões, reforçando a relevância econômica da safra que acaba de ser concluída.
O resultado foi apresentado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com a divulgação da Previsão de Safra Subjetiva (PSS). A finalização da colheita de inverno ajudou a consolidar o novo patamar produtivo do estado, especialmente em culturas que surpreenderam pelo desempenho acima da média.
Trigo e aveia: a base sólida da safra de inverno
Mesmo não sendo a principal estrela do ciclo, o trigo teve papel estratégico para a performance final. A cultura ocupou 816,6 mil hectares, com quase toda a área já colhida, reforçando a importância do cereal na diversificação agrícola paranaense.
Entretanto, a maior surpresa do inverno veio da aveia, que atingiu 470 mil toneladas, seu melhor desempenho em 10 anos. A recuperação da cultura após os impactos climáticos do ciclo anterior representou um salto de 33% e reforçou o uso da aveia como ferramenta-chave na rotação de culturas e na cobertura de solo, tanto na versão branca, voltada à indústria, quanto na preta, fundamental para pastagens.
Essa base consistente permitiu que o Paraná entrasse no verão com solo mais protegido, estrutura agrícola bem distribuída e condições para sustentar altas produtividades em outras culturas.
Milho, soja, feijão e cevada: os pilares da supersafra
Embora o conjunto de culturas tenha puxado o avanço, uma delas se destacou de maneira extraordinária: o milho paranaense, que atingiu o recorde de 21 milhões de toneladas. O cereal foi, individualmente, o maior responsável pelo novo patamar da safra estadual, resultado de condições climáticas favoráveis e de manejos mais tecnificados.
A soja avançou de forma igualmente expressiva, com 97% da área prevista já plantada, equivalente a 5,58 milhões de hectares. O ciclo iniciou com temperaturas mais altas e redução de chuvas excessivas, o que favoreceu o desenvolvimento inicial das plantas e ampliou o potencial produtivo.
O feijão, tradicionalmente importante no Paraná, também contribuiu para o fortalecimento da safra, assim como a cevada — cultura que tem se destacado nos últimos anos e ampliado sua relevância econômica para as regiões produtoras.
Primeira safra 2025/26: avanço do milho e lavouras em ótima condição
A janela de plantio do milho para 2025/26 avançou de forma rápida e consolidada. São 339,8 mil hectares já plantados, indicando uma expansão atípica, estimada em 21% sobre o ciclo anterior. Além disso, 93% das lavouras encontram-se classificadas como boas, abrindo caminho para mais um ciclo robusto.
O crescimento da oferta de milho ajuda também as cadeias de proteína animal, reduzindo custos de suinocultura e avicultura, que dependem fortemente do grão e do farelo de soja para alimentação.
Impactos nas cadeias de proteína animal
Com maior oferta de insumos, o custo de produção do suíno vivo caiu para R$ 5,77/kg em outubro — um dos menores índices do ano. A redução aparece no momento em que outros estados registravam alta, e garante maior competitividade à suinocultura regional.
A avicultura de postura também se beneficia da queda nos custos, melhorando a relação de troca e garantindo maior margem ao produtor de ovos.
No caso do frango de corte, apesar da queda nacional nas exportações, o Paraná mantém a liderança absoluta no país, sendo responsável por 40,9% do volume exportado e 39,2% da receita cambial do setor.
O mercado de bovinos também apresenta sinais de melhora com a retirada de tarifas adicionais pelos Estados Unidos, ampliando competitividade da carne paranaense no mercado internacional.
Já o peru, tradicional na exportação brasileira, mantém crescimento expressivo, com o Paraná ocupando a terceira colocação no volume exportado e na receita obtida entre os estados brasileiros
Olerícolas e frutas: efeitos do clima, estabilidade e expansão
O setor de olerícolas apresentou um comportamento mais regular, porém sob influência direta do inverno prolongado e da grande quantidade de dias nublados. Batata, cebola e tomate mantiveram estabilidade, ainda que com pequenas variações de área ou produtividade.
As frutas de caroço entraram no pico de colheita, devem abastecer os mercados nas próximas semanas e mostram resposta positiva às condições climáticas recentes.
A goiaba permanece como um dos destaques frutíferos do Paraná. Atingindo 54 mil toneladas e um VBP de R$ 268,5 milhões, o cultivo cresceu significativamente na última década, acumulando alta de:
• 147,5% na área
• 205,5% na produção
• 264% no VBP real
O avanço confirma a expansão frutícola como estratégia complementar às grandes culturas.



