Resumo
• A Raça Agro anunciou a compra da Agroline, ampliando sua presença territorial de 17 para 32 cidades e fortalecendo sua atuação no mercado de insumos pecuários.
• A transação ainda depende de aprovação do Cade, mas deve seguir em rito sumário, permitindo integração rápida das operações.
• Com a expansão, o grupo passa de 400 para 750 colaboradores e incorpora uma fábrica de nutrição animal em Tangará da Serra (MT).
• A empresa projeta faturamento de R$ 750 milhões em 2026, com expectativa de alcançar R$ 1 bilhão em três anos.
• A Axia Agro vendeu a Agroline para focar em mercados estratégicos no Norte, mantendo operações com a Nossa Lavoura e a Supremax.
A consolidação do mercado de insumos pecuários ganhou um novo capítulo com o anúncio da compra da rede Agroline pelo Grupo Raça Agro. O acordo, firmado como parte da estratégia de expansão da companhia, marca o momento em que o setor volta a respirar com mais otimismo, impulsionado pelo crescimento do consumo de proteína animal e pela busca constante por produtividade no campo. Embora o valor da operação não tenha sido divulgado, o movimento já é tratado por executivos como um passo decisivo rumo a uma presença mais robusta no Centro-Oeste e no Norte do país.
O fechamento da transação ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que deve analisar o caso em rito sumário — modalidade que tende a acelerar o processo. A expectativa das empresas é que a decisão seja emitida até o fim do ano, permitindo que o grupo avance imediatamente no plano de integração.
Um negócio que amplia alcance e reposiciona operações
A aquisição da Agroline representa a terceira investida relevante da Raça Agro em poucos anos. Antes dela, a companhia havia comprado a rede de revendas Suprema, no norte de Mato Grosso, e uma unidade beneficiadora de sementes de pastagens. Segundo João Antônio Fagundes, principal executivo da empresa, cada etapa foi planejada para formar uma base territorial sólida e preparada para suportar um faturamento mais ambicioso.
“Essa é a nossa terceira aquisição. Primeiro, compramos uma rede de revendas do norte de Mato Grosso, a Suprema, e, depois, uma unidade beneficiadora de sementes de pastagens. Agora, para aproveitar o bom momento pelo qual a pecuária começou a passar, vem a Agroline”, afirmou Fagundes ao Valor.
Até aqui, a Raça Agro desembolsou cerca de R$ 40 milhões nas aquisições anteriores. Entretanto, a incorporação da Agroline tem peso muito maior, já que as duas empresas eram concorrentes diretas no fornecimento de insumos pecuários. Além disso, o negócio adiciona uma nova fábrica de nutrição animal, localizada em Tangará da Serra (MT), ampliando a capacidade industrial do grupo.
Expansão territorial e aumento expressivo da estrutura
A presença geográfica da Raça Agro deve praticamente dobrar após o fechamento da transação. Hoje, a companhia opera em 17 cidades; com a entrada da Agroline, saltará para 32 praças. Esse avanço traz implicações diretas para a capilaridade de vendas, a logística e o atendimento técnico oferecido aos produtores rurais.
O número de colaboradores também sofrerá um crescimento significativo: de 400 para aproximadamente 750 funcionários. A presença — antes concentrada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Goiás — agora passa a incluir também o estado do Tocantins. Em algumas localidades, como Mato Grosso do Sul, o salto é expressivo: de uma para cinco lojas. Goiás recebe nova unidade em Goiânia, enquanto o Pará contará com a presença da empresa em Marabá.
Projeções de crescimento e fortalecimento do mercado
O impacto da ampliação já se reflete nas projeções financeiras. “Estávamos alcançando um faturamento de R$ 350 milhões neste ano. Para 2026, com as 32 praças, a previsão é alcançar R$ 750 milhões, chegando a R$ 1 bilhão em três anos”, disse Fagundes.
O executivo destaca ainda que o maior motivador para o investimento é a clara tendência de aumento no consumo global de proteína animal. Segundo ele, o crescimento sustentável da pecuária depende do uso mais eficiente de tecnologias e insumos que impulsionem produtividade — justamente a área de atuação central da Raça Agro.
Mudanças estratégicas para a Axia Agro
Do lado vendedor, a Axia Agro decidiu abrir mão da Agroline para focar sua atuação em outros mercados do Norte do país. Para Daniel Bitelli, principal executivo da companhia, o movimento tem motivação prática: fortalecer operações em regiões onde já detêm ampla capilaridade.
“A concorrência existe, mas temos quase que uma loja por município em Rondônia, por exemplo. Ninguém tem a capilaridade que temos lá”, afirmou. A Axia continua operando com a varejista Nossa Lavoura e com a fábrica de nutrição animal Supremax, ambas consideradas estratégicas para o novo direcionamento da empresa.



