Resumo
• A Fiman 2025 retorna a Paranavaí reunindo tecnologia, pesquisa e negócios que devem superar R$ 250 milhões, reforçando o protagonismo da mandiocultura brasileira.
• O Paraná se destaca pela maior produtividade e pelo maior complexo industrial de fécula e derivados do país, resultado de anos de investimento e pesquisa regional.
• A Embrapa apresenta novas variedades, técnicas de multiplicação de mudas e ferramentas digitais que ampliam eficiência e acesso ao conhecimento no campo.
• A programação técnica aborda desafios urgentes, como pragas e a morte descendente da mandioca, além de práticas para manejo, sanidade e qualidade de plantio.
• A feira integra produtores, indústrias e entidades, criando um ambiente de inovação e construção coletiva que fortalece toda a cadeia da mandioca no Brasil.
O Parque Internacional de Exposições de Paranavaí se prepara para abrir novamente as portas à dinâmica e robusta cadeia produtiva da mandioca. Entre os dias 25 e 27 de novembro, a quarta edição da Feira Internacional da Mandioca retorna ao Noroeste paranaense com a expectativa de superar a marca de R$ 250 milhões em negócios registrada na última edição. Aliás, o interesse crescente pelo evento reflete uma realidade incontestável: o setor vive um dos momentos mais promissores de sua história recente.
Assim como ocorre com outros grandes eventos agrícolas brasileiros, a Fiman se consolida como ponto de convergência entre pesquisa, indústria, produtores e tecnologias que moldam o futuro da mandioca. Não por acaso, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, sediada na Bahia, assume papel central na programação técnica, reforçando a importância estratégica do encontro para todo o país.
Por que o Paraná se tornou referência nacional
Se o estado sedia a principal feira do setor, é porque seus números sustentam essa liderança. Segundo dados recentes do IBGE, o Paraná apresenta um rendimento médio superior a 26 mil quilos por hectare — quase o dobro da média nacional. Além disso, responde por mais de 65% de toda a fécula produzida no Brasil, movimentando um complexo industrial que reúne grandes fábricas de farinha, polvilho azedo e derivados de alto valor agregado.
Essa performance não surge ao acaso. Ela é resultado de anos de investimento em mecanização, manejo, renovação de áreas e desenvolvimento de materiais genéticos mais eficientes. O estado, além disso, recebe há mais de uma década uma presença constante da Embrapa por meio de campos experimentais instalados em parceria com a Embrapa Soja, o que permitiu maior proximidade com a realidade dos produtores e avanço de pesquisas voltadas ao clima e às condições regionais.
O papel da Embrapa na nova fase da mandiocultura
Durante a Fiman, a Embrapa apresentará as tecnologias que hoje reposicionam o setor de forma competitiva. Entre elas, ganham destaque as variedades desenvolvidas para a região Centro-Sul, como BRS CS 01, BRS 420, BRS Boitatá e BRS Ocauçu, criadas para uso industrial, e a BRS 429, voltada à mandioca de mesa. Essas cultivares apresentam teor de amido superior, melhor adaptação ao maquinário agrícola e maior estabilidade produtiva, elementos essenciais para atender às exigências atuais do mercado.
Além das variedades, outro eixo de inovação é a Rede Reniva, que tem ampliado o acesso dos produtores a materiais de plantio com qualidade fitossanitária. Esse sistema impulsionou a distribuição de manivas-sementes certificadas e tornou mais preciso o processo de multiplicação de mudas. Durante a feira, o público conhecerá de perto técnicas como a termoterapia e métodos de produção que garantem uniformidade e sanidade às áreas de cultivo.
Uma agenda técnica voltada aos desafios atuais
A programação começa logo no primeiro dia com discussões sobre pragas de grande impacto na mandiocultura, como mosca-branca e mandarová. Entretanto, o tema que deve mobilizar maior atenção é a morte descendente da mandioca, doença que tem avançado em áreas do Norte do país e despertado preocupação pelo potencial de perdas. Especialistas apresentarão estratégias de diagnóstico, prevenção e mitigação, fundamentais para proteger a produção nacional.
Em outra frente, o evento aprofunda temas ligados à renovação de áreas, qualidade das manivas e manejo integrado em sistemas de média e alta escala. São debates que dialogam diretamente com a busca por eficiência produtiva e sustentabilidade econômica — duas demandas cruciais para quem atua no setor.
Tecnologia, informação e acesso ao conhecimento
Além das palestras e dias de campo, o estande da Embrapa trará ferramentas digitais como a plataforma Ater+ Mandioca, criada para facilitar o acesso a informações confiáveis sobre manejo, adubação, sanidade, colheita e pós-colheita. O portal organiza conteúdos técnicos em textos, vídeos e infográficos, ampliando a capacidade de produtores e técnicos tomarem decisões mais precisas no dia a dia.
A Fiman, aliás, reafirma a importância da integração entre pesquisa e indústria. A proximidade entre quem produz conhecimento e quem transforma a mandioca em produtos finais gera um ambiente de inovação contínua, capaz de responder a mudanças de mercado e às exigências crescentes de competitividade.
Uma construção coletiva que impulsiona o setor
A realização da feira é fruto da união de entidades empresariais, instituições públicas, associações industriais e lideranças regionais. O objetivo é claro: criar um espaço onde todos os elos da cadeia produtiva conversem, compartilhem demandas e identifiquem caminhos para fortalecer a mandiocultura brasileira. Assim, produtores encontram fornecedores, indústrias descobrem novas oportunidades e o público tem contato com a dimensão econômica, social e tecnológica da cultura.
Como resultado, a Fiman deixa de ser apenas uma feira comercial e se torna um ambiente de construção coletiva — um lugar onde conhecimento, inovação e desenvolvimento regional se encontram para impulsionar o futuro da mandioca no Brasil.



