A COP 30, marcada para acontecer em Belém (PA), promete ser não apenas um marco ambiental, mas também um divisor de águas para a agricultura familiar brasileira.
Pelo edital de licitação nº 12060/2025, foi estabelecido que pelo menos 30% de todos os alimentos adquiridos para o evento terão origem em produtores familiares e na sociobiodiversidade local, com prioridade para organizações lideradas por mulheres, jovens rurais, povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais. A iniciativa conecta a pauta climática à valorização de quem cultiva de forma sustentável e mantém vivas tradições alimentares ancestrais.
Impacto econômico e social direto para as comunidades
A presença desses produtos nos cardápios da COP 30 representa mais do que uma oportunidade de venda: significa acesso a um mercado de alto valor, aumento da previsibilidade de renda e fortalecimento das cadeias curtas de abastecimento. Essa conexão direta entre produtores e consumidores finais reduz intermediários, mantém mais recursos circulando localmente e amplia a capacidade de fornecimento para novos mercados, inclusive após o encerramento do evento.
Para comunidades historicamente marginalizadas, ver seus alimentos servidos a líderes globais e delegações internacionais é também um gesto de reconhecimento e autoestima.
Inclusão, identidade e soberania alimentar
Ao incluir produtos como mandioca, açaí, baru, mel de abelha nativa e feijões cultivados em pequenas propriedades, o evento reafirma que soluções para a crise climática passam pelo fortalecimento de sistemas alimentares diversificados e sustentáveis. Essa escolha carrega um significado político claro: associar a agenda ambiental à justiça social e à soberania alimentar.
Além disso, reforça a importância da agroecologia e do uso de práticas produtivas de baixo carbono, alinhadas com a preservação dos ecossistemas e o respeito aos saberes tradicionais.