A safra de milho de 2025 desenha um panorama entusiasmante para a agricultura brasileira. Com estimativa de colher 128,3 milhões de toneladas, o país consolida sua força entre os maiores produtores do grão no mundo. Esse avanço expressivo, especialmente na segunda safra, que representa mais de 100 milhões de toneladas, é fruto do alinhamento entre clima favorável e manejo eficiente nas lavouras, como apontam os dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Entretanto, por trás dos bons números, uma antiga ameaça volta a preocupar o setor produtivo: a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Esta praga, que já foi amplamente controlada por tecnologias Bt e práticas tradicionais, tem dado sinais de resiliência e precocidade nos ataques, demandando atenção redobrada dos agricultores logo nas fases iniciais do cultivo.
A praga que ressurge com força total
Segundo o gerente de Assuntos Regulatórios do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Fábio Kagi, o comportamento da lagarta se tornou mais agressivo e estratégico. “A lagarta-do-cartucho voltou a preocupar os produtores justamente por atacar precocemente e causar danos severos em folhas, espigas e no colo das plantas, o que pode comprometer o desenvolvimento e a produtividade da lavoura”, explica.
Esse padrão de infestação precoce tem sido potencializado por uma série de fatores ambientais e agronômicos: a monocultura contínua do milho, os períodos prolongados de estiagem, temperaturas elevadas e a prática da semeadura tardia criam um ambiente propício para a praga. Em cenários não controlados, as perdas podem atingir até 60% do potencial produtivo, o que representa um impacto considerável, mesmo diante de colheitas promissoras.
Manejo Integrado é a chave do controle
A resposta para conter a lagarta-do-cartucho passa por uma abordagem sistêmica e inteligente. Fábio Kagi ressalta que a melhor estratégia continua sendo o Manejo Integrado de Pragas (MIP), um conjunto de práticas que combina ações preventivas, biológicas e químicas para reduzir a incidência da praga sem comprometer o equilíbrio ambiental.
Entre as táticas mais eficazes, ele destaca a dessecação da área com antecedência mínima de 30 dias antes da semeadura, além da rotação de culturas como forma de quebrar o ciclo da lagarta. O uso de sementes tratadas com defensivos sistêmicos também desempenha um papel importante na proteção inicial da lavoura, momento mais crítico para o ataque da praga.
Planejamento e constância fazem a diferença
Mais do que aplicar defensivos ou introduzir novas tecnologias, o controle efetivo da Spodoptera frugiperda exige planejamento contínuo e comprometimento do produtor ao longo de todo o ciclo da cultura. “A diversificação de ferramentas e o planejamento das intervenções são essenciais para manter o controle sobre a população do inseto”, reforça o especialista do Sindiveg.