Em pleno mês de agosto, o mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país, enfrenta um compasso de espera que já se arrasta há semanas. Mesmo diante do interesse demonstrado por parte da indústria, especialmente por lotes com mais de 60% de grãos inteiros, os volumes comercializados permanecem reduzidos. O cenário atual reflete uma postura de cautela por parte dos vendedores, que ainda preferem segurar o produto na esperança de cotações mais vantajosas nas próximas semanas.
Essa desaceleração nas transações foi registrada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que aponta uma atuação tímida por parte dos agentes vendedores, mesmo diante de ofertas pontuais. Embora algumas indústrias estejam dispostas a negociar, o movimento não tem sido suficiente para destravar o mercado de forma consistente. Parte dos produtores acredita que o valor atual ainda não compensa os custos acumulados durante a safra, especialmente considerando a retração de preços ocorrida nos últimos doze meses.
Demanda externa mais fraca e influência internacional
Além do comportamento do mercado interno, há um outro fator contribuindo para o cenário morno: a demanda internacional. Na última semana, a procura por arroz brasileiro no exterior ficou aquém do esperado, impactando negativamente as perspectivas de escoamento e sustentação de preços. Analistas do Cepea sugerem que questões relacionadas à taxação imposta pelos Estados Unidos ao arroz importado podem estar influenciando esse desaquecimento, adicionando mais um elemento de incerteza às negociações.
O efeito prático disso tudo é visível no desempenho dos preços. Em julho de 2025, o Indicador Cepea/IRGA-RS fechou com alta acumulada de 4,5%, atingindo R$ 68,14 por saca de 50 kg. Ainda assim, esse valor representa uma queda expressiva de 40,78% em relação à média registrada no mesmo mês do ano passado, evidenciando a pressão enfrentada pelo setor ao longo dos últimos ciclos. Em comparação com junho deste ano, houve uma leve valorização de 1,68%, o que ainda está longe de atender às expectativas de boa parte dos produtores.