Num cenário em que o agronegócio continua sendo um dos pilares da economia brasileira, o crédito rural volta aos holofotes com força inédita. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a maior liberação de recursos de sua história para o setor: R$ 70 bilhões destinados ao Plano Safra 2025/2026. O montante cobre o período entre julho de 2025 e junho de 2026 e representa uma injeção estratégica para modernizar a produção, financiar novas tecnologias e fortalecer a sustentabilidade no campo.
Com linhas de crédito voltadas a custeio, investimento, irrigação, armazenagem e exportação, o pacote contempla desde o pequeno agricultor familiar até os grandes produtores voltados ao mercado internacional. O grande diferencial deste ciclo está na diversidade de modalidades, nos juros competitivos e, principalmente, na ampliação do crédito em dólar, que passa a representar uma alternativa valiosa diante da pressão cambial e dos custos internos.
Crédito rural já movimenta bilhões e reforça papel das cooperativas
Em apenas oito dias úteis após o início da vigência do novo Plano Safra, o BNDES aprovou R$ 5,3 bilhões em operações de crédito, distribuídas em mais de 13 mil contratos. Um dado que merece destaque: mais de 90% dessas transações foram intermediadas por cooperativas de crédito, o que evidencia não apenas a capilaridade dessas instituições, mas também a importância do modelo cooperativista na democratização do acesso aos recursos.
Além da agilidade, as cooperativas oferecem uma relação próxima com os produtores, o que favorece a inclusão produtiva e estimula o crescimento de regiões tradicionalmente menos atendidas pelos grandes bancos.
Opções em real ou em dólar: crédito para diferentes perfis de produtor
O produtor pode escolher entre diversas modalidades de financiamento, incluindo linhas como Pronaf, voltada à agricultura familiar, Pronamp, Moderfrota, Inovagro, Proirriga e PCA, com taxas que variam de 0,5% a 14% ao ano, conforme o perfil do beneficiário e o objetivo do crédito.
Destaque para a linha TFBD, que oferece crédito com juro fixo em dólar. O orçamento dessa modalidade saltou de R$ 4 bilhões para R$ 14,4 bilhões, sinalizando a crescente demanda por previsibilidade financeira em operações voltadas à exportação. Essa linha tem ganhado espaço, especialmente entre produtores que comercializam commodities e necessitam de menor risco cambial para planejar investimentos de médio e longo prazo.
Agricultura familiar ganha atenção especial no novo ciclo
Dos R$ 70 bilhões liberados, R$ 13,4 bilhões estão reservados exclusivamente para o Pronaf, programa que atende a agricultura familiar com juros reduzidos. O restante, R$ 26,3 bilhões, será direcionado à agricultura empresarial. A distribuição dos recursos visa ampliar a produtividade, modernizar estruturas e reforçar práticas sustentáveis, garantindo competitividade mesmo para os pequenos e médios produtores.
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, esse volume expressivo de recursos em tão pouco tempo mostra o papel estratégico do banco no apoio ao agro nacional. Ele ainda ressaltou a relevância das cooperativas de crédito como protagonistas na execução do plano.
Tecnologia e sustentabilidade definem quem pode acessar os recursos
Além das condições financeiras atrativas, o acesso ao crédito rural está condicionado à regularidade ambiental das propriedades. Desde 2023, o BNDES monitora, por meio da plataforma MapBiomas, indícios de desmatamento ilegal em áreas que pleiteiam financiamento. Caso haja irregularidades, o crédito é bloqueado. A iniciativa reforça o compromisso do banco com a preservação ambiental e a valorização de práticas agrícolas responsáveis.
“O BNDES vai premiar quem preserva e investe de forma responsável. Não há mais espaço para complacência com quem destrói o meio ambiente”, declarou Mercadante.