Em meio à crescente demanda mundial por alimentos e insumos agrícolas, o gergelim brasileiro acaba de alcançar um novo patamar no comércio exterior. A Administração-Geral das Alfândegas da China (GACC) divulgou a ampliação da lista de estabelecimentos do Brasil habilitados a exportar o grão para o país asiático, passando de 31 para 61 unidades. O avanço consolida o Brasil como parceiro estratégico no fornecimento global e fortalece uma cultura que, até pouco tempo atrás, era considerada secundária na matriz produtiva nacional.
Essa mudança de cenário não aconteceu por acaso. Em novembro de 2024, durante visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, o mercado chinês foi oficialmente aberto ao gergelim nacional — um marco diplomático e econômico que simbolizou a 200ª abertura de mercado sob a gestão atual. Desde então, uma rede integrada de articulação política e técnica — envolvendo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Embaixada do Brasil em Pequim, o Itamaraty e o setor privado — atuou para alinhar os requisitos sanitários e logísticos exigidos pela China. A habilitação em massa dos exportadores reflete o êxito dessa mobilização.
Um grão pequeno, mas com enorme potencial de mercado
Apesar de modesto em tamanho, o gergelim é um ativo poderoso na balança comercial de diversos países. A China, por exemplo, responde sozinha por 38,4% do consumo mundial e figura como o principal importador do produto. Estar apto a atender essa demanda, portanto, significa acesso a um mercado robusto e estável, com potencial para gerar empregos, estimular cadeias produtivas e dinamizar economias regionais.
Atualmente, o Brasil ocupa a sétima posição entre os maiores exportadores globais de gergelim, com uma participação de 5,31% no mercado. A expectativa, com a nova leva de empresas habilitadas, é que o país suba no ranking nos próximos anos. Os principais polos de produção concentram-se no Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará, seguidos por Bahia, Minas Gerais, Maranhão e Rondônia, que vêm mostrando crescimento acelerado.
Crescimento com valor agregado e sustentabilidade
O aumento do número de habilitações não apenas amplia o volume de vendas, mas também incentiva a profissionalização da cadeia produtiva. Estados produtores têm investido em tecnologias de pós-colheita, rastreabilidade e qualidade de grãos, aspectos fundamentais para atender às exigências do mercado chinês. Com isso, o gergelim brasileiro deixa de ser um simples grão de exportação para se tornar um produto de valor agregado, o que significa melhores margens e maior retorno para os agricultores.
Além disso, o cultivo do gergelim é considerado estratégico por sua resiliência climática e baixo consumo de água, o que o torna uma alternativa eficiente em áreas sujeitas à escassez hídrica ou períodos de entressafra. Com essa nova fase, o Brasil se posiciona para consolidar não apenas volume, mas também excelência na produção.