A temporada de colheita do café arábica está se aproximando do fim em grande parte das regiões produtoras do Brasil, mas o cenário atual é de apreensão. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que o rendimento está abaixo do esperado, com relatos que reforçam a dificuldade dos produtores em atingir o padrão habitual de produção por saca.
Em estados como Minas Gerais e parte de São Paulo, produtores relatam que para formar uma saca beneficiada de 60 quilos, em alguns casos, têm sido necessários até 12 saquinhos de café colhido, contra uma média histórica de 7 a 8. Esse aumento na quantidade de grãos necessários para atingir o peso padrão é reflexo direto de problemas no desenvolvimento das lavouras.
Impactos do clima no desenvolvimento das lavouras
A menor produtividade observada nesta safra está associada a fatores climáticos que marcaram 2024. O ciclo foi prejudicado pela escassez de chuvas e pelas ondas de calor registradas durante o outono e o inverno, períodos decisivos para o bom enchimento dos grãos. O estresse hídrico limitou o crescimento e comprometeu a qualidade final do produto, deixando o fruto menor e menos denso.
O cenário se agravou com a baixa pluviosidade registrada entre meados de fevereiro e março de 2025. Essa falta de reposição hídrica afetou ainda mais as plantas, reduzindo o vigor das folhas e dificultando a manutenção do potencial produtivo. Em algumas propriedades, o solo apresentou níveis críticos de umidade, reforçando a dificuldade de recuperação das lavouras antes do término da colheita.