A indústria têxtil chinesa, um dos pilares econômicos do país, recebeu um novo estímulo para o próximo ano. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), órgão responsável pelo planejamento macroeconômico da China, definiu o volume de 200 mil toneladas métricas de algodão como cota oficial de importação para 2025. A medida busca restabelecer o equilíbrio na oferta da matéria-prima, essencial para os fabricantes locais, após uma queda expressiva nas compras externas registrada no primeiro semestre.
O sistema adotado é o de cota de comércio de processamento com tarifa móvel, mecanismo que permite a aquisição da fibra sob condições especiais para uso exclusivo em processos industriais dentro do território chinês. O objetivo é claro: garantir matéria-prima suficiente para que o setor mantenha sua produtividade, competitividade e abastecimento regular, mesmo diante de oscilações no mercado internacional.
Regras mais rígidas e foco no desempenho industrial
Segundo a diretriz publicada pela NDRC, as empresas interessadas deverão formalizar seus pedidos com base em contratos firmados, respeitando os critérios técnicos e operacionais estabelecidos. O prazo para envio dos requerimentos se encerra em 31 de dezembro de 2025, mas pode ser interrompido antes, caso a cota total seja atingida.
Para participar, as companhias precisam estar devidamente registradas no órgão de supervisão e administração de mercado antes de 1º de agosto do mesmo ano, além de comprovar histórico limpo no comércio agrícola e capacidade técnica para o processamento do algodão.
A autorização será concedida apenas a quem se enquadrar em pelo menos uma das exigências mínimas: ter ao menos 50 mil fusos de fiação em funcionamento ou contar com capacidade produtiva anual superior a 8 mil toneladas de tecido não tecido 100% fiado – com variações nas exigências conforme a largura do tecido produzido. Esses requisitos visam assegurar que os volumes importados sejam efetivamente destinados à transformação industrial, evitando distorções no mercado interno.
Recuo acentuado nas importações pressiona governo a agir
A decisão da NDRC vem em resposta a um cenário de retração. No primeiro semestre de 2025, as importações chinesas de algodão recuaram 74,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Alfândega do país. O declínio tem múltiplas causas, que vão desde oscilações cambiais até o impacto da oferta global e flutuações nos preços da commodity.