Poucas plantas são tão generosas quanto o chuchu (Sechium edule), uma trepadeira que se adapta com facilidade a diversos ambientes e, quando bem conduzida, pode surpreender com a produtividade. Apesar da fama de “sem gosto”, essa hortaliça é valiosa na alimentação por sua leveza, versatilidade culinária e riqueza nutricional. Além disso, pode ser cultivada tanto em quintais amplos quanto em pequenos espaços com estrutura para trepadeiras.
Segundo o engenheiro agrônomo Rafael Barros, especialista em horticultura orgânica, o segredo para um cultivo bem-sucedido começa ainda na escolha do local: “O chuchuzeiro gosta de sol pleno e bastante ventilação. Como é uma planta trepadeira, é essencial oferecer um suporte firme e espaçoso para que ele se desenvolva livremente.”
Escolha do local e estrutura para o plantio
Com crescimento vigoroso, o chuchu precisa de um espaço arejado e com bastante incidência de luz solar direta ao longo do dia. Não é raro ver a planta sendo cultivada em cercas, pérgolas ou caramanchões — estruturas que, além de sustentarem os ramos, ainda podem trazer um charme adicional ao jardim.
Entretanto, Rafael alerta para o tamanho que a planta pode alcançar: “É importante lembrar que o chuchuzeiro pode ultrapassar os 10 metros de extensão. Por isso, sempre recomendo pensar no suporte desde o início, para evitar a quebra de galhos e garantir a circulação de ar.”
Plantio a partir do próprio fruto
Diferente de muitas hortaliças, o chuchu é frequentemente plantado a partir do próprio fruto. A germinação ocorre quando o chuchu amadurece e começa a emitir brotos, mesmo fora da terra. Ao perceber o surgimento dessas raízes e folhas iniciais, é hora de preparar o solo.

De acordo com a paisagista e agricultora urbana Daniela Ribeiro, o ideal é enterrar o chuchu deitado, deixando parte do broto exposta, em uma cova profunda com cerca de 30 cm. “O solo deve ser bem drenado, rico em matéria orgânica e com boa capacidade de retenção de umidade. Recomendo uma mistura de terra vegetal com composto orgânico e um pouco de areia grossa para melhorar a estrutura”, indica.
Rega e adubação para garantir vigor
Embora o chuchu aprecie umidade, o excesso de água pode ser prejudicial, principalmente em solos compactos. A recomendação é regar com regularidade, mantendo o solo levemente úmido, especialmente nos primeiros meses após o plantio. Durante o período de crescimento, é fundamental reforçar a adubação.
Daniela explica que uma adubação equilibrada contribui diretamente para a produção de frutos saudáveis. “Uso bastante húmus de minhoca, esterco curtido e, uma vez por mês, aplico NPK 10-10-10 ou 4-14-8, que estimula a floração e a frutificação da planta”, afirma.
Controle de pragas e cuidados com a poda
O chuchuzeiro pode ser alvo de pulgões, ácaros e brocas, principalmente em épocas mais quentes e úmidas. O controle pode ser feito com soluções naturais, como calda de sabão neutro com óleo de neem, além da remoção manual de folhas secas e galhos comprometidos.
A poda é uma aliada importante para manter a planta saudável. “Sempre sugiro fazer podas leves para renovar os ramos e direcionar o crescimento. Isso evita o sombreamento excessivo e melhora a produção de flores e frutos”, diz Rafael.
Quando colher e como manter a produtividade
A colheita geralmente começa entre 80 e 120 dias após o plantio. Os frutos devem ser colhidos ainda verdes, quando estão tenros e com a casca lisa. Quanto mais cedo forem colhidos, mais a planta é estimulada a produzir.
“Um erro comum é deixar os frutos por muito tempo na planta. Isso faz com que a produção diminua e o sabor fique comprometido”, explica Daniela. A dica é acompanhar o crescimento diário e colher sempre que atingirem cerca de 10 a 15 cm.
Aliás, com os devidos cuidados, o chuchuzeiro pode produzir por até dois anos consecutivos, oferecendo colheitas regulares em diversas épocas do ano — o que faz dele um verdadeiro aliado na horta doméstica.



