Presente na mesa dos brasileiros há séculos, a mandioca é uma planta de valor histórico e cultural inestimável. Nativa da América do Sul, já era cultivada por povos indígenas muito antes da chegada dos colonizadores, servindo de base alimentar e fonte de energia para diferentes comunidades.
Hoje, segue ocupando lugar de destaque tanto na agricultura familiar quanto em cultivos comerciais, adaptando-se bem a diferentes regiões do país. Sua raiz versátil, que pode ser consumida cozida, frita, assada ou transformada em farinha e polvilho, é um dos maiores símbolos da culinária nacional.
Origem e características marcantes
A mandioca (Manihot esculenta) pertence à família das euforbiáceas e é uma planta perene, de fácil adaptação, com ciclo que pode variar entre 8 e 18 meses, dependendo da variedade e das condições de cultivo. É caracterizada por suas folhas palmadas e caule lenhoso, de onde são retiradas as manivas – pedaços de galho usados no plantio.
As raízes, que crescem abaixo do solo, são ricas em amido e podem ter casca marrom com polpa branca ou amarelada. Segundo o engenheiro agrônomo Paulo Nogueira, a rusticidade da espécie é um dos motivos para seu sucesso: “A mandioca suporta períodos de estiagem moderada e se desenvolve em solos variados, o que a torna acessível para diferentes perfis de produtores”.
Popularidade e usos na alimentação
A mandioca é um ingrediente presente de norte a sul do Brasil, ganhando nomes e preparos distintos: macaxeira no Nordeste, aipim no Sudeste e sul, e variedades específicas para farinha na região Norte. Além do consumo doméstico, também abastece indústrias alimentícias e serve de base para produtos como fécula e tapioca. Para a nutricionista e pesquisadora em alimentação tradicional Helena Matos, a raiz tem um papel social importante: “Além de ser nutritiva e rica em carboidratos complexos, é uma cultura que movimenta economias locais e preserva modos de preparo ancestrais”.
Como preparar o solo e iniciar o plantio
Para prosperar, a mandioca exige um solo bem drenado, solto e rico em matéria orgânica, preferindo regiões de clima quente e ensolarado que favorecem seu desenvolvimento.
O plantio da mandioca é feito por meio das manivas, que devem ter cerca de 15 a 20 cm e conter ao menos três gemas visíveis. Essas estacas devem ser posicionadas no solo de forma inclinada ou horizontal, cobrindo-as levemente. Uma boa preparação do terreno, com aração e gradagem, garante que as raízes se formem uniformemente e com qualidade.
Manejo e cuidados para um crescimento saudável
Além do ambiente ideal, a mandioca precisa de luz solar direta durante a maior parte do dia, e a irrigação deve ser moderada, apenas para manter a umidade necessária nas fases iniciais. Para promover um melhor desenvolvimento, deve ser realizada periodicamente a aplicação de algum adubo orgânico, que pode ser feito com composto ou esterco curtido, favorece o crescimento das raízes e a produtividade.
Aliás, as capinas periódicas ajudam a controlar ervas daninhas, especialmente nos três primeiros meses após o plantio. Contudo, é importante observar sinais de pragas como ácaros, mosca-branca e cochonilhas, além de doenças fúngicas, tratando preventivamente sempre que possível.
Colheita e aproveitamento
O ponto de colheita varia de acordo com a finalidade do cultivo. Para consumo in natura, a raiz costuma estar no ponto entre 8 e 12 meses, quando ainda está macia e saborosa. Já para produção de farinha, a colheita pode ser estendida para até 18 meses, quando há maior concentração de amido.
Após a retirada do solo, é fundamental manusear as raízes com cuidado para evitar que se quebrem ou estraguem rapidamente, pois a mandioca se deteriora com facilidade. Com atenção a cada etapa do cultivo, é possível obter raízes saborosas, nutritivas e com excelente qualidade para o consumo doméstico ou para a venda.