Resumo
O Dia Mundial da Alimentação celebra os 80 anos da FAO e reforça o papel do agro na segurança alimentar e na produção sustentável de alimentos.
A data destaca a importância de unir governos, produtores e empresas no combate à fome e nas soluções climáticas globais.
O Brasil se consolida como exemplo ao adotar sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta em 17 milhões de hectares.
Estudos da FGV e da OCBio apontam que quase um terço das fazendas brasileiras já remove mais carbono do que emite.
Iniciativas como os Escritórios Verdes mostram que produtividade e preservação podem caminhar juntas rumo a um futuro sustentável.
Em meio aos desafios globais relacionados à fome e à crise climática, o Dia Mundial da Alimentação, celebrado nesta quarta-feira (16), reforça o papel fundamental da produção agropecuária na construção de um futuro mais justo e sustentável. Comemorando os 80 anos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a data levanta um alerta: garantir acesso a alimentos de qualidade para toda a população global exige ação conjunta entre governos, produtores e empresas — e o Brasil está no centro dessa transformação.
⚠️ Nota de contexto / informativa
As informações aqui apresentadas têm caráter informativo e as estimativas citadas dependem de variáveis como clima, adoção regional, manutenção e política pública. Os resultados reais podem variar conforme as condições locais, suporte técnico, financiamento e capacidade de execução dos sistemas sustentáveis.
Sob o lema “De mãos dadas por uma alimentação melhor e um futuro melhor”, o evento não apenas celebra conquistas, mas aponta para as urgências ainda latentes. Apesar dos avanços em políticas públicas e produtividade no campo, milhões de brasileiros ainda convivem com a insegurança alimentar. A realidade escancara a importância de repensar as cadeias produtivas, fortalecendo iniciativas que conciliem abundância com responsabilidade ambiental.
Agricultura na linha de frente das soluções para o clima
A agropecuária representa atualmente cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e emprega aproximadamente um terço da força de trabalho global. Entretanto, essa mesma engrenagem produtiva é uma das principais emissoras de gases de efeito estufa e responsável por expressiva parcela do consumo de água doce do planeta. Diante desse paradoxo, os sistemas alimentares tornaram-se peça-chave não apenas na erradicação da fome, mas também na resposta climática internacional.
A expectativa para a COP30, que acontecerá em 2025 em Belém (PA), é grande. O encontro — que pela primeira vez será sediado por uma grande potência agrícola — promete dar visibilidade inédita ao setor rural no contexto das negociações globais sobre clima. A oportunidade também coloca o Brasil em posição estratégica para apresentar suas soluções já testadas no campo, como os sistemas integrados de produção.
Iniciativas sustentáveis mostram que é possível produzir com responsabilidade
Com uma área de aproximadamente 17 milhões de hectares dedicada à integração entre lavoura, pecuária e floresta, o Brasil tem apresentado ao mundo modelos agrícolas de baixa emissão e recuperação de solo. Essas práticas permitem até três safras por ano em uma mesma área e ajudam a mitigar os impactos ambientais da produção convencional.
Estudos recentes conduzidos por instituições como a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a consultoria OCBio revelam um dado encorajador: cerca de 30% das propriedades avaliadas no país conseguiram capturar mais carbono do que emitiram, revertendo a lógica tradicional da pegada ambiental no setor agropecuário.
O desafio, no entanto, vai além da inovação técnica. Tornar essas soluções acessíveis aos pequenos produtores, garantir infraestrutura para distribuição de alimentos e oferecer incentivos reais para quem aposta na sustentabilidade ainda são metas em construção. Programas de assistência técnica, como os Escritórios Verdes, já impactaram mais de 20 mil propriedades desde 2021, demonstrando que produtividade e preservação podem, sim, caminhar lado a lado.
O agro como agente de transformação social e ambiental
Neste Dia Mundial da Alimentação, a reflexão é inevitável: como alimentar bilhões de pessoas sem comprometer os recursos naturais? A resposta passa, necessariamente, pela transformação dos sistemas alimentares. Isso inclui revisar práticas agrícolas, ampliar o acesso à tecnologia no campo e investir em políticas públicas que priorizem a segurança alimentar como questão de soberania.
O Brasil, com sua biodiversidade, capacidade produtiva e conhecimento técnico acumulado, tem uma janela de oportunidade para liderar essa mudança. Ao colocar o agro no centro das soluções — e não dos problemas — o país pode se tornar referência global em um modelo de desenvolvimento que combina abundância com regeneração.