A movimentação do mercado do milho segue marcada por um comportamento cauteloso por parte dos vendedores, que dedicam boa parte do tempo e dos recursos às operações de semeadura da safra de verão. Esse recuo momentâneo na oferta tem sido suficiente para manter as cotações estáveis em diversas regiões monitoradas pelo Cepea, que aponta a saca de 60 quilos negociada a R$ 67,67. Embora não haja grandes saltos de preço, a firmeza chama atenção em um período marcado por demanda apenas pontual, com negociações direcionadas quase exclusivamente à recomposição de estoques.
Se no Brasil o mercado encontra estabilidade, o ambiente global segue trajetória distinta. As previsões de aumento significativo da produção mundial para as safras 2024/25 e 2025/26 intensificam o sentimento de oferta abundante e pressionam os preços internacionais. Entretanto, esse movimento baixista vem sendo limitado pela sólida procura pelo milho produzido nos Estados Unidos, que funciona como um contrapeso importante no mercado externo.
Aliás, esse contraste entre ampla oferta global e demanda consistente ajuda a explicar por que as cotações internacionais recuam de maneira contida, sem provocar impacto direto sobre os preços internos neste momento.
Exportações brasileiras avançam e impulsionam o ritmo de negócios
Enquanto o mercado global se ajusta, o Brasil registra um novembro mais movimentado nos portos. Dados da Secex indicam que a média diária de embarques está 7,6% acima da observada no mesmo período do ano anterior, reflexo da competitividade do milho brasileiro no mercado externo.
Nos dez primeiros dias úteis de novembro, o país já embarcou 2,67 milhões de toneladas. Mantido esse ritmo, o fechamento do mês pode alcançar 5 milhões de toneladas exportadas, consolidando um volume expressivo para o período e contribuindo para manter o fluxo de escoamento da safra.
Safra de verão avança com bom desenvolvimento nas principais regiões
No campo, a evolução da semeadura reforça o quadro de normalidade para o início da nova temporada. Segundo levantamento da Conab, até 15 de novembro, 52,6% da área destinada à safra de verão já havia sido semeada no Brasil. O avanço semanal de 4,9 pontos percentuais demonstra o empenho dos produtores em aproveitar as janelas climáticas favoráveis, ainda que o índice esteja ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco anos — um atraso discreto de 0,4 p.p.
Esse panorama de plantio bem encaminhado, somado ao foco dos produtores nas operações agrícolas, contribui para a retração nas ofertas e, consequentemente, para a sustentação dos preços no mercado interno.



