O clima era de otimismo e confiança nos corredores da Feira de Agronegócios Cooabriel, realizada no final de julho. Em 2025, o evento não apenas consolidou seu espaço como uma das principais vitrines do setor cafeeiro nacional, como também bateu recordes: foram R$ 1,2 bilhão em negócios fechados, quase o dobro do montante movimentado no ano anterior. Essa marca histórica reflete diretamente o cenário vivido pelos cafeicultores nos últimos meses, marcado por preços elevados do café conilon e uma safra promissora no Espírito Santo e na Bahia.
Com sede no Espírito Santo, a Cooabriel é hoje a maior cooperativa de café conilon do Brasil, e atua também em importantes polos cafeeiros da Bahia. A valorização dos grãos no mercado internacional e o bom desempenho das lavouras motivaram os produtores a investir em tecnologias de mecanização, ampliação das áreas plantadas e modernização dos sistemas de produção. Segundo o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, esse cenário tem impulsionado transformações profundas nas propriedades rurais. “Estamos saindo de um período de preços muito favoráveis, o que tem motivado os cafeicultores. Temos observado lavouras bem cuidadas e muitos produtores têm investido na ampliação de áreas de plantio”, afirmou em nota à Reuters.
Investimentos crescem com modernização e falta de mão de obra
Além do bom momento de mercado, outro fator tem contribuído diretamente para o crescimento dos negócios: a necessidade crescente de mecanização. Com a escassez de mão de obra no campo, produtores buscam alternativas tecnológicas para garantir a continuidade e a eficiência das colheitas. Bastianello destaca que “com o avanço da produção esperada na região nos próximos anos, há necessidade de o produtor investir em tratores, colheitadeiras, drones e outras tecnologias, com o objetivo de produzir com mais eficiência e minimizando os impactos da falta de mão de obra”.
Essa nova mentalidade de investimento também reflete o amadurecimento do setor cafeeiro, que passa a apostar mais em inovação e sustentabilidade. A estrutura da feira da Cooabriel, por sua vez, acompanhou essa tendência, oferecendo aos cooperados acesso direto a fornecedores de insumos, tecnologias e serviços, fortalecendo a cadeia produtiva do café conilon em toda a região.
Espírito Santo mira protagonismo global no conilon
A evolução do setor não se limita ao mercado interno. Integrantes da indústria, como o grupo Tristão, avaliam que o Espírito Santo poderá ultrapassar o Vietnã, atual maior produtor global de café da espécie canéfora, que inclui as variedades conilon e robusta. O desempenho robusto da feira da Cooabriel parece confirmar essa tendência de expansão e de posicionamento estratégico do Brasil como potência mundial também no conilon, variedade que ganha cada vez mais espaço nas torrefações e exportações.
Fundada em 1963, a Cooabriel mantém 17 unidades comerciais e mais de 8.700 cooperados, além de capacidade de armazenagem estática para 2,3 milhões de sacas. A expectativa para 2025 é de recebimento recorde de grãos, impulsionado não apenas pela safra favorável, mas por um modelo de gestão cooperativista que valoriza a produção local e amplia a competitividade dos pequenos e médios produtores.