A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou nesta segunda-feira (1º) a liberação de R$ 300 milhões para uma nova rodada de Contratos de Opção de Venda (COV) voltados ao arroz. A medida, apresentada durante a 48ª Expointer, em Esteio (RS), busca antecipar garantias de renda aos produtores e reforçar a segurança alimentar nacional.
Com esse novo aporte, a estatal estima viabilizar contratos para cerca de 200 mil toneladas da safra 2025/2026. Segundo o presidente da Conab, Edegar Pretto, os contratos funcionam como um tipo de seguro: o agricultor que aderir terá o direito — e não a obrigação — de vender sua produção ao governo por um preço fixado previamente. Assim, poderá decidir entre executar o contrato ou vender no mercado, caso os preços estejam mais atrativos no momento da colheita.
Planejamento seguro e estímulo à produção
A política de opção de venda permite que o produtor rural inicie sua lavoura com uma referência concreta de remuneração. De acordo com Pretto, essa previsibilidade econômica é essencial para garantir o cultivo, especialmente em um cenário de volatilidade de preços.
“É uma sinalização antecipada do governo federal para assegurar que o arroz plantado seja economicamente viável. Se o produtor optar por vender ao governo, o produto entra nos estoques públicos, fortalecendo o abastecimento interno”, afirmou o presidente da Conab.
Terceira rodada reforça política de proteção
A nova liberação é parte de um esforço contínuo. Trata-se da terceira rodada de COV para o arroz em menos de um ano, somando R$ 1,5 bilhão mobilizados desde o fim de 2024. Em sua primeira iniciativa, a estatal ofereceu contratos que cobriam até 500 mil toneladas da safra 2024/2025, com preço sinalizado acima de R$ 87 por saca de 50 kg. Na ocasião, foram negociadas 91 mil toneladas.
Em junho de 2025, uma segunda rodada foi lançada em resposta à forte queda dos preços de mercado, que chegaram a R$ 65,46 em média no Rio Grande do Sul — uma redução superior a 40% no período entre outubro de 2024 e junho de 2025. O preço proposto na ocasião, próximo de R$ 74, teve alta aceitação: quase 100% dos contratos foram executados, cobrindo mais de 109 mil toneladas.
Estoques públicos como instrumento de estabilidade
A atuação da Conab por meio dos estoques públicos é estratégica. O arroz adquirido pode ser usado em ações de abastecimento em períodos de crise ou emergência, funcionando também como ferramenta para evitar oscilações bruscas no preço final ao consumidor.
Durante a Expointer, agricultores que participaram da primeira rodada de COV em 2024 receberam os pagamentos pelos contratos executados. Também foi formalizada a intenção de fornecimento de arroz ao governo dentro da segunda rodada, reforçando o ciclo de apoio ao setor.
Produção gaúcha segue como pilar do abastecimento
O estado do Rio Grande do Sul permanece como o maior produtor de arroz do Brasil, responsável por cerca de 70% da produção nacional. De acordo com o 11º Levantamento da Safra de Grãos 2024/2025 da própria Conab, a colheita no estado atingiu 8,3 milhões de toneladas — um crescimento de 15,9% em relação à safra anterior. No cenário nacional, a produção de arroz foi estimada em 12,3 milhões de toneladas, alta de 16,5%.