É difícil imaginar a mesa brasileira sem o feijão. Entre panelas fumegantes e tradições alimentares que atravessam gerações, o grão segue firme como base da dieta nacional — e agora, mais do que nunca, sua produção se torna também símbolo de inovação e excelência agrícola. Desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), o feijão preto IPR Urutau se consolidou como a cultivar mais plantada do país e acaba de ganhar reconhecimento internacional no 10º Congresso de Sementes das Américas, realizado em Foz do Iguaçu com a presença de representantes de 18 países.
A força da IPR Urutau não se resume ao volume expressivo de lavouras: ela representa uma combinação entre alta produtividade, qualidade comercial dos grãos e adaptação robusta às condições de cultivo brasileiras. Essa tríade coloca a cultivar como exemplo de como a pesquisa pública pode transformar realidades no campo, oferecendo soluções que impactam diretamente a segurança alimentar da população e, ao mesmo tempo, garantem rentabilidade aos produtores rurais.
A contribuição da pesquisa pública no desenvolvimento agrícola
A notoriedade do IPR Urutau é apenas um reflexo do legado construído pelo IDR-Paraná, responsável pelo lançamento de mais de 200 cultivares agrícolas distribuídas por todo o Brasil. Além do feijão, o instituto desenvolve sementes de aveias e plantas de cobertura com foco na sustentabilidade das lavouras — práticas que colaboram para a conservação do solo e o equilíbrio ecológico das propriedades.
No Congresso de Sementes, autoridades e especialistas destacaram o papel estratégico do Paraná como protagonista na produção de sementes de qualidade. Em seu discurso, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, reforçou que a permanência do produtor no campo está diretamente ligada ao fortalecimento da renda rural, e que a aproximação entre o poder público e o setor privado é fundamental para que o agronegócio avance de forma equilibrada e sustentável.
“Estamos à disposição para mais parcerias com a iniciativa privada e fazer com que essa aproximação do setor público com o setor privado possa sempre beneficiar a população. Entre as prioridades do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, está melhorar a renda do produtor rural”, destacou.
Parcerias que levam tecnologia aos quatro cantos do Brasil
Um dos pilares do sucesso da cultivar IPR Urutau está no modelo colaborativo adotado pelo IDR-Paraná, que conta hoje com cerca de 80 parceiros licenciados para multiplicar e comercializar suas cultivares em diversas regiões do país. De acordo com o gerente de Produtos e Serviços do Instituto, Paulo Vicente Contador Zaccheo, a parceria com empresas de sementes tem permitido expandir o acesso do produtor rural às tecnologias desenvolvidas no Estado.
Esse modelo de multiplicação fortalece um ciclo virtuoso: mais acesso a sementes de qualidade significa lavouras mais eficientes, maior oferta de alimentos no mercado e melhores margens para os agricultores. Com isso, o feijão IPR Urutau se transforma não apenas em uma cultivar de destaque, mas também em um vetor de transformação econômica, social e ambiental para o Brasil rural.