O mercado brasileiro de milho atravessa um período de forte pressão sobre os preços neste início de agosto, refletindo um cenário que combina abundância de oferta com ritmo de comercialização aquém do esperado.
De acordo com dados do CEPEA, a produção recorde da segunda safra, somada ao desempenho tímido das exportações e à demanda interna contida, tem adiado qualquer possibilidade de recuperação no curto prazo.
Mesmo com registros pontuais de geadas e ocorrências de pragas em áreas produtoras do Paraná e Mato Grosso do Sul, os impactos sobre o volume final não têm sido suficientes para alterar as estimativas. A elevação da área cultivada e a melhora no rendimento das lavouras sustentam projeções otimistas para a colheita, reforçando a pressão sobre as cotações.
Oferta elevada e liquidez reduzida
No mercado doméstico, compradores mantêm postura cautelosa, priorizando o cumprimento de contratos firmados anteriormente e evitando fechar novos negócios. Esse comportamento, associado ao avanço da colheita, reforça a percepção de que ainda há espaço para recuos adicionais nos preços, o que leva à postergação das compras no mercado físico.
A redução da liquidez no mercado spot limita oportunidades de negócios e amplia o desafio para produtores, especialmente aqueles que ainda têm volumes significativos a negociar. Com a entrada constante de grãos nos armazéns, a concorrência interna aumenta e o poder de barganha dos vendedores diminui.
Exportações não acompanham o ritmo da safra
No cenário externo, as exportações seguem em compasso lento, incapazes de absorver o excedente de produção. A valorização do real frente ao dólar e a competitividade do milho de outros países, como Estados Unidos e Argentina, dificultam a colocação do produto brasileiro no mercado internacional.
Com menor escoamento para fora, o excesso de oferta permanece concentrado no território nacional, intensificando a pressão sobre os preços e aumentando a necessidade de estratégias comerciais mais agressivas por parte dos produtores.