Imagine encontrar no mercado um morango que foge totalmente do padrão. Branco como a neve, salpicado por sementes vermelhas e com um aroma que remete ao abacaxi, o morango branco é uma raridade que vem conquistando espaço tanto nas cozinhas profissionais quanto no paladar de consumidores exigentes. Sua aparência incomum e seu sabor delicado já o colocam entre as frutas mais desejadas do universo gourmet.
Ao contrário do que muitos pensam, o morango branco não é fruto de engenharia genética, mas sim de cruzamentos naturais e seleções específicas. Entre suas variedades mais conhecidas está o Pineberry, resultado do cruzamento entre a Fragaria chiloensis, originária da América do Sul, e a Fragaria virginiana, nativa da América do Norte. Segundo a engenheira agrônoma Renata Gama, essa ausência da antocianina — pigmento que dá a coloração vermelha ao morango tradicional — é o que garante o tom claro e a aparência perolada da fruta.
Fisicamente, ele tende a ser menor e mais delicado que seu “primo” vermelho. A polpa macia e suculenta contrasta com as sementes em tom escarlate, criando um visual que, segundo Renata, “é capaz de transformar até a receita mais simples em uma experiência estética e gastronômica única”.
Cultivo e cuidados específicos
Do ponto de vista do produtor, as diferenças entre o morango branco e o vermelho vão além da coloração. O sabor mais adocicado, com notas tropicais, é um atrativo, mas também exige atenção especial no cultivo. “Algumas variedades são mais sensíveis ao oídio e a outras doenças fúngicas, o que requer monitoramento constante e manejo cuidadoso”, explica o produtor rural e consultor agrícola André Peixoto.

As exigências de solo, irrigação e luminosidade seguem próximas às do morango tradicional, mas o manuseio pós-colheita deve ser ainda mais criterioso. Por ser mais delicado, o transporte e o armazenamento precisam ser feitos em condições ideais para preservar o frescor e a aparência da fruta.
Um sabor que surpreende
Se a aparência já chama atenção, o sabor é o que sela o encanto. Ao provar um morango branco, a primeira impressão é de uma doçura suave, seguida de notas aromáticas que lembram abacaxi e, em algumas variedades, até pêssego. Essa combinação resulta em uma acidez menos pronunciada que a do morango comum, criando uma experiência sensorial mais leve e refinada.

A textura também desempenha papel fundamental: a polpa macia se desfaz na boca, liberando aromas complexos e delicados. Para André Peixoto, “o morango branco não é apenas uma fruta, mas um ingrediente capaz de transformar sobremesas e pratos salgados em criações memoráveis”.
Presença crescente no mercado
O interesse pelo morango branco vem crescendo impulsionado por tendências culinárias e pela visibilidade nas redes sociais. Um exemplo é o doce conhecido como “morango do amor”, que combina a fruta com brigadeiro branco e viralizou em vídeos de confeitaria, ampliando a curiosidade e a procura pelo produto.
Chefs renomados o utilizam em receitas sofisticadas, explorando sua capacidade de unir beleza e sabor. Em saladas de frutas, mousses, pâtisseries e até harmonizações com queijos suaves, ele oferece um contraste visual e gustativo que agrada tanto aos olhos quanto ao paladar.