Quando se fala em lúpulo, a primeira associação costuma ser à cerveja artesanal, onde suas flores conferem aroma, amargor e equilíbrio à bebida. No entanto, essa planta trepadeira, de nome científico Humulus lupulus, carrega uma história que ultrapassa o universo cervejeiro. Rica em compostos bioativos como óleos essenciais, polifenóis e flavonoides, ela vem sendo utilizada há séculos em preparações fitoterápicas para promover o relaxamento, melhorar a qualidade do sono e reduzir sintomas de ansiedade.
Segundo a fitoterapeuta e pesquisadora em botânica aplicada Ana Lúcia Prado, o lúpulo “possui ação calmante e sedativa graças à presença da lupulina, uma resina amarelada presente nas glândulas da flor, que age no sistema nervoso central, ajudando a desacelerar a mente e a preparar o corpo para o descanso”.
O valor medicinal do lúpulo
Estudos modernos confirmam o que a medicina popular já apontava: extratos da planta podem auxiliar no combate à insônia, atenuar o estresse oxidativo e até contribuir para a regulação do humor. Essa ação antioxidante está relacionada aos polifenóis presentes em sua composição, capazes de neutralizar radicais livres e proteger as células contra danos.

O médico nutrólogo Ricardo Menezes reforça que “o lúpulo atua como coadjuvante em protocolos para melhora da qualidade do sono, principalmente quando combinado a outras plantas como a valeriana. Além disso, seu potencial antioxidante pode trazer benefícios para a saúde cardiovascular e cerebral a longo prazo”.
Como é usado fora da cerveja
No universo fitoterápico, o lúpulo pode ser encontrado em cápsulas, extratos líquidos e chás. A infusão das flores secas libera substâncias aromáticas que contribuem para a sensação de relaxamento. Entretanto, a dosagem e o tempo de uso devem ser indicados por um profissional habilitado, já que, apesar de ser uma planta segura, seu consumo em excesso pode causar sonolência intensa ou interagir com alguns medicamentos.
Outro uso tradicional é na forma de travesseiros aromáticos, onde as flores desidratadas são colocadas em pequenas bolsas de tecido. Ao liberar seu aroma suave durante a noite, a planta estimula um ambiente propício ao sono tranquilo.
Cultivo e características botânicas
Originário de regiões de clima temperado, o lúpulo é uma planta perene que se desenvolve bem em solos férteis e bem drenados. Suas hastes podem ultrapassar seis metros de comprimento, e é nas inflorescências femininas que se concentram as substâncias de maior interesse tanto para a indústria cervejeira quanto para a medicinal.
Embora o Brasil não seja um grande produtor, cultivos experimentais vêm se expandindo em regiões de clima mais ameno, com destaque para o Sul e parte da Serra da Mantiqueira. Esse avanço abre caminho para a valorização do uso medicinal da planta, reduzindo a dependência de importações.