Com a chegada das primeiras chuvas da primavera, lavouras de café em diferentes regiões produtoras do Brasil começaram a dar sinais de recuperação, reacendendo o otimismo dos cafeicultores após uma temporada marcada por desafios. As precipitações registradas ao longo de setembro, especialmente no Sudeste, favoreceram as condições para a floração do café arábica, etapa essencial para a formação de frutos e para o sucesso da próxima colheita.
A expectativa gira em torno da safra 2026/27, que, segundo especialistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), tem potencial para restabelecer parte dos estoques globais da commodity, bastante pressionados após uma temporada anterior com volume abaixo do esperado. Aliás, em diversas áreas irrigadas, floradas já estão visíveis e demonstram bom vigor, sinalizando um possível ciclo produtivo mais promissor.
Clima define o rumo da safra e preocupa em áreas de sequeiro
Enquanto algumas propriedades já observam a abertura das primeiras flores em seus cafezais, outras ainda aguardam o momento ideal para esse fenômeno ocorrer em maior escala. Em regiões irrigadas, a resposta das plantas foi mais rápida e consistente, graças à umidade constante do solo. Já nas áreas de sequeiro, onde o cultivo depende exclusivamente das chuvas naturais, o processo segue mais lento e incerto.
Por isso, a continuidade das chuvas neste início de outubro é considerada estratégica. É nesse período que as flores mais sensíveis exigem estabilidade hídrica para evitar o fenômeno do abortamento floral, que pode comprometer diretamente o pegamento dos frutos e, consequentemente, reduzir a produtividade das lavouras. A ausência de umidade neste momento crítico pode impactar até mesmo as regiões mais tradicionalmente adaptadas ao cultivo.
Expectativas do mercado e pressão internacional
Além do campo, o cenário climático brasileiro já começa a refletir nas cotações internacionais do café. A perspectiva de uma safra promissora ameniza parte da volatilidade no mercado, que vem enfrentando oscilações frequentes em razão da oferta limitada e da demanda firme.
Para o setor, a colheita de 2026 desponta como uma espécie de “safra de alívio”. Isso porque a temporada 2025/26 apresentou desempenho inferior ao projetado no beneficiamento dos lotes, deixando os estoques globais em níveis apertados. Nesse contexto, qualquer instabilidade climática que comprometa o desenvolvimento atual tende a gerar impactos imediatos nas negociações futuras, inclusive na formação dos preços.
A torcida agora é para que as chuvas não apenas continuem, mas também ocorram com regularidade e intensidade suficientes para garantir a saúde das floradas e o bom enchimento dos grãos nos próximos meses. Afinal, muito mais do que uma boa colheita, está em jogo a estabilidade de um dos produtos agrícolas mais relevantes do Brasil — social, econômica e ambientalmente.