Mesmo com expansão de área plantada em algumas regiões, o Brasil deve colher menos cana-de-açúcar nesta temporada. A estimativa é de que o volume atinja 668,8 milhões de toneladas em 2025/26, o que representa uma leve retração de 1,2% em comparação à safra anterior. Os dados foram divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que atribui parte da redução às condições climáticas desfavoráveis enfrentadas na fase de desenvolvimento das lavouras, sobretudo no Centro-Sul, principal polo canavieiro do país.
Além do estresse hídrico, focos de incêndio em algumas áreas agravaram o cenário, comprometendo o potencial produtivo das plantações. Embora a área cultivada tenha crescido aproximadamente 1%, alcançando 8,85 milhões de hectares, o rendimento médio por hectare recuou para 75,5 toneladas, uma queda de 2,1%
O recuo da produção de cana não impediu um avanço na fabricação de açúcar. Ao contrário, a projeção é de que o setor atinja 44,4 milhões de toneladas, superando o ciclo anterior em 0,8%. A decisão das usinas de priorizar o açúcar em detrimento do etanol está diretamente ligada ao momento favorável do mercado internacional, com valorização do produto diante da menor oferta de países exportadores concorrentes.
Já o etanol de cana sentiu o impacto direto da menor disponibilidade da matéria-prima, somado à perda de competitividade em relação ao açúcar. A expectativa é de uma queda de 8,8% na produção, que deve chegar a 26,77 bilhões de litros.
Além disso, o etanol de milho continua ganhando espaço na matriz brasileira, com novos investimentos em plantas industriais e expansão da produção. Estima-se um crescimento de 14,5% para este tipo de biocombustível, somando 6,17 bilhões de litros nesta safra. Com isso, o volume total de etanol, considerando os dois tipos, será de 35,7 bilhões de litros, o que ainda representa uma redução de 3,9% em relação ao ano anterior.
O comportamento da safra por região reforça a diversidade do setor sucroenergético no Brasil. Enquanto o Sudeste, maior produtor nacional, deve colher 424,5 milhões de toneladas, com retração de 3,4%, impulsionada por uma queda de 4,4% em São Paulo, outros polos mostram desempenho positivo. O Centro-Oeste tem alta estimada de 3,2%, atingindo 150 milhões de toneladas. Já o Sul deve crescer 4,9%, somando 35,2 milhões.
A região Norte, com menor representatividade no setor, terá uma safra de 3,8 milhões de toneladas, recuo de 5,6%. O Nordeste, por sua vez, avança levemente, com previsão de 55,2 milhões de toneladas e aumento de 1,6%. Essas variações refletem os diferentes impactos climáticos e o nível de mecanização e manejo agrícola entre os estados.
Apesar do leve recuo na safra nacional, o setor continua em transformação, impulsionado por fatores como a expansão do etanol de milho, a valorização internacional do açúcar e os efeitos das oscilações climáticas. A safra 2025/26, ainda que desafiadora, mostra que o planejamento estratégico das usinas tem sido decisivo na hora de escolher entre etanol e açúcar.
Ao que tudo indica, essa dança entre os produtos continuará a depender da cotação internacional, da política de preços dos combustíveis e da capacidade de adaptação das indústrias diante das variações de oferta e clima.