O ciclo agrícola 2025/26 já começa a ser desenhado no Paraná com expectativas promissoras para os dois principais protagonistas do campo: a soja e o milho. A primeira estimativa da safra, divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, indica que o Estado deve ampliar tanto a área plantada quanto o volume colhido dessas culturas.
No caso da soja, a cultura continua liderando com folga, ocupando mais de 90% da área cultivada com grãos no território paranaense. A previsão é que 5,79 milhões de hectares sejam cultivados, número levemente superior aos 5,75 milhões do ciclo anterior. Apesar de modesta, a expansão indica que a oleaginosa segue firme no protagonismo agrícola do Estado, inclusive ocupando áreas anteriormente reservadas ao feijão.
A produção esperada também dá sinais positivos. Se o clima colaborar, o Paraná poderá colher cerca de 22,05 milhões de toneladas de soja, o que representa um acréscimo de 4,23% em relação à safra passada. Essa expectativa se apoia em condições iniciais favoráveis e em uma logística de plantio que respeita os períodos de vazio sanitário da ferrugem asiática. A liberação da semeadura varia conforme as regiões do Estado, iniciando-se em setembro e se estendendo até janeiro de 2026.
Enquanto isso, o milho da primeira safra — que por anos perdeu espaço para a soja e o milho safrinha — volta a ganhar protagonismo. A área plantada deve subir 12,1%, saltando de 280,2 mil para 315 mil hectares. Com isso, a produção estimada pode alcançar 3,22 milhões de toneladas, superando em 5,5% o desempenho da safra 2024/25. Essa recuperação vem sendo observada após um longo período de retração iniciado em 2010, revelando um novo fôlego para a cultura na abertura do calendário agrícola.
Em contrapartida, o feijão de primeira safra sofrerá uma retração significativa. A área cultivada deve cair para 111 mil hectares — um recuo de 34% frente aos 168 mil hectares do ciclo anterior. A redução reflete a pressão da soja e do milho sobre áreas tradicionais da leguminosa. Ainda assim, o recuo alinha-se a uma média histórica mais conservadora. Com produtividade média projetada em 2 mil quilos por hectare, a colheita deve alcançar cerca de 218 mil toneladas, com início previsto para dezembro.
Outras culturas de relevância no Paraná também já movimentam o calendário da nova temporada. A batata de primeira safra começou a ser plantada, com 9% da área total prevista — cerca de 16,3 mil hectares — já semeada. A expectativa é de colher 517,1 mil toneladas, volume 11% inferior ao ciclo anterior. Já o tomate segue em fase inicial, com 12% da área cultivada. A projeção para essa cultura é de 174,7 mil toneladas, considerando também a segunda safra, que está quase finalizada.
A cebola também apresenta mudanças. Com 95% da área de 2,8 mil hectares já plantada, a cultura teve uma redução de 15% em comparação ao ciclo passado. Mesmo assim, a produção esperada se mantém relevante: cerca de 108 mil toneladas.
Entre as culturas de maior abrangência territorial, a cana-de-açúcar e a mandioca reforçam a diversificação da produção paranaense. A cana deve ocupar 511,5 mil hectares, incremento de área que pode levar a um aumento de 6% na colheita, atingindo 39,1 milhões de toneladas. Já a mandioca, concentrada no Noroeste, tende a avançar 7% em área plantada e crescer 11% na produção, com previsão de alcançar 217,5 mil toneladas.
Esses números integram o Boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral, que também traz dados atualizados sobre outras cadeias produtivas. Entre os destaques, o mercado de carne ovina no Brasil registrou queda nos preços pagos aos produtores em julho. No Paraná, o valor médio do quilo do cordeiro caiu para R$ 14,30.
No setor suinícola, o cenário é de crescimento. Com Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 8,82 bilhões em 2024, o segmento teve alta de 4,3% em relação a 2023. Toledo mantém a liderança estadual com R$ 1,32 bilhão, respondendo por mais de 15% do total.
Já nas exportações de mel, o Paraná ocupa a terceira posição nacional no acumulado do ano, com 4.637 toneladas enviadas ao exterior, gerando US$ 15,2 milhões em receita — volume mais que o dobro registrado no mesmo período do ano anterior.