A agropecuária paranaense vive um momento de alta não apenas nas lavouras, mas também no bolso de quem trabalha nelas. No segundo trimestre de 2025, o Paraná registrou um avanço expressivo na remuneração dos trabalhadores do setor primário, atingindo uma média mensal de R$ 3.428 — valor 58,5% acima da média nacional, que foi de R$ 2.163. Os dados, divulgados recentemente pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, revelam um salto de 23% nos salários em apenas um ano, já descontada a inflação, o que contrasta com os modestos 5,2% de crescimento registrados no restante do país.
Esse desempenho coloca o Paraná em posição de destaque entre os estados com forte tradição agrícola. Supera inclusive Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, que também contam com cadeias produtivas relevantes. Além disso, consolida a imagem de uma agropecuária paranaense não só produtiva, mas também mais justa na distribuição de renda para quem atua diretamente no campo.
Produção crescente aquece os salários
Por trás do crescimento salarial está uma safra recorde e um dinamismo produtivo que reposiciona o Paraná no cenário nacional. A projeção para 2025 é que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas atinja 45,7 milhões de toneladas — um avanço de 21,8% em relação ao ano anterior, também de acordo com o IBGE. Essa evolução, naturalmente, aquece toda a cadeia econômica e impacta os rendimentos dos trabalhadores rurais.
Entre as principais culturas, a soja segue como carro-chefe, com estimativa de crescimento de 14,2%, passando de 18,6 milhões para 21,3 milhões de toneladas. Já o milho, beneficiado por condições climáticas e tecnológicas mais favoráveis, apresenta um salto ainda mais impressionante: 33,3% de aumento, totalizando 20,1 milhões de toneladas somando as duas safras.
Entretanto, são as culturas de menor escala que revelam o vigor técnico e estratégico do setor. A cevada, por exemplo, deve registrar uma elevação de 50,3% na safra, o que confere ao Paraná quase 79% da produção nacional do grão. A aveia, igualmente em expansão, deve crescer 47,3%, confirmando que a diversificação também contribui para a robustez econômica da agropecuária estadual.
Dinheiro no campo movimenta a economia local
A elevação nos salários não representa apenas um benefício direto aos trabalhadores. Ela também injeta uma quantia significativa na economia regional todos os meses. Com 511 mil pessoas ocupadas na agropecuária paranaense, os rendimentos médios atuais geram um impacto de R$ 1,75 bilhão mensais em circulação. Isso movimenta comércios locais, amplia o consumo de bens e serviços e fortalece setores como logística, maquinário, sementes, alimentação e construção civil no interior do estado.
O desempenho salarial também evidencia o nível de profissionalização da agropecuária paranaense. A aplicação de tecnologias no campo, a gestão eficiente das propriedades e a qualificação técnica dos trabalhadores vêm transformando a produção rural em um pilar econômico tão moderno quanto competitivo. Assim, o que se vê não é apenas uma boa colheita, mas uma cadeia produtiva cada vez mais integrada e valorizada.
Paraná mantém liderança nacional no campo
Com 2,3% do território nacional, o Paraná responde por mais de 13% de toda a produção agrícola do Brasil — um feito que revela a altíssima produtividade por hectare alcançada pelo estado. A performance atual o coloca como segundo maior produtor nacional de grãos, ficando atrás apenas do Mato Grosso.
No mês de julho, o Paraná também apresentou o terceiro maior aumento na expectativa de safra em relação ao mês anterior, atrás apenas de Mato Grosso e Minas Gerais. Tal desempenho reforça a estabilidade do setor mesmo diante dos desafios climáticos e logísticos, e mostra que os investimentos em inovação no campo têm gerado retornos reais — inclusive para o trabalhador rural.
Se antes os salários da agropecuária eram associados à informalidade e à baixa remuneração, os números paranaenses mostram que é possível trilhar um caminho diferente. A valorização do trabalho no campo, quando aliada à eficiência e ao planejamento, transforma o setor não apenas em um motor de produção, mas em um verdadeiro exemplo de desenvolvimento sustentável e humano.