A força da soja na economia brasileira vai além do campo. Em 2025, a cadeia produtiva da oleaginosa e do biodiesel deve garantir um salto expressivo no Produto Interno Bruto (PIB), consolidando-se como um dos pilares de sustentação do agronegócio nacional.
A estimativa é de que o setor represente 6,4% de toda a atividade econômica do país e impacte diretamente 21,7% do PIB agropecuário, com uma geração superior a 2,44 milhões de empregos. Por trás desses números, está uma combinação de fatores: colheita histórica, aumento do processamento industrial e maior mistura de biodiesel no diesel vendido nos postos.
Safra histórica e indústria aquecida fortalecem a cadeia da soja
O cenário promissor começa ainda na lavoura. A projeção é de uma safra recorde de 169,7 milhões de toneladas, o que deve impulsionar a movimentação de toda a cadeia produtiva, do campo à indústria. Com o aumento da disponibilidade da matéria-prima, cresce também o volume de soja processada internamente, fortalecendo segmentos como esmagamento, produção de farelo, óleo e biocombustíveis.
Outro ponto fundamental para esse avanço é a elevação obrigatória da mistura de biodiesel ao diesel comercializado, que subirá de 14% para 15% a partir de agosto. Essa mudança, ainda que pareça sutil, representa um impulso significativo para o processamento do óleo de soja, principal insumo da produção de biodiesel no Brasil. O resultado é o aquecimento simultâneo da indústria e da agricultura, com impacto direto sobre a renda da cadeia e a economia nacional.
A soja brasileira gera mais valor quando processada
Um dos destaques do levantamento é a constatação de que a soja ganha valor agregado ao ser processada no Brasil, em vez de ser exportada in natura. O PIB gerado por tonelada de soja processada em agroindústrias chega a R$ 9.430, valor quase quatro vezes superior ao gerado pela exportação direta do grão, estimado em R$ 2.160. Essa diferença demonstra a importância estratégica de fortalecer a indústria nacional de transformação, incentivando políticas que mantenham o processamento da soja dentro do país e, com isso, ampliem os benefícios econômicos e sociais.
Além disso, o estudo mostra que todos os segmentos da cadeia estão em crescimento. A produção de soja no campo lidera o avanço, com alta de 24,1% na atividade econômica. Insumos, agroindústria e serviços também crescem, embora em ritmo mais moderado. O resultado geral é uma expectativa de crescimento de 11% na atividade econômica da cadeia da soja e do biodiesel em 2025, com a renda total subindo 18,24% — o primeiro aumento após três anos consecutivos de retração.
Empregos em alta com destaque para a produção no campo
Os impactos positivos também se refletem no mercado de trabalho. A cadeia da soja e do biodiesel já emprega mais de 2,44 milhões de pessoas, número que representa uma alta de 7,46% em relação ao ano anterior. Os maiores avanços ocorreram nos setores de agrosserviços e produção agrícola, reforçando o papel do campo como gerador de oportunidades. Apenas a agroindústria apresentou leve recuo no número de postos, especialmente no subsegmento de esmagamento, devido a ajustes operacionais.
Esse crescimento do emprego reforça a importância do setor como vetor de desenvolvimento regional, sobretudo em estados com forte vocação agrícola, como Mato Grosso, Paraná e Goiás. Em um cenário de desafios econômicos globais, o dinamismo da soja mostra-se fundamental para a estabilidade e crescimento da economia brasileira.
Exportações crescem em volume, mas preços pressionam receita
Embora o volume exportado pela cadeia da soja e do biodiesel tenha crescido 1,15% no primeiro trimestre de 2025, totalizando 27,91 milhões de toneladas, o valor arrecadado caiu. Com preços internacionais mais baixos, reflexo de uma safra global igualmente robusta, a receita das exportações brasileiras recuou 11,46%, somando US$ 11 bilhões no período. Ainda assim, a soja em grão segue como protagonista, com a China absorvendo a maior parte da produção brasileira.
Já o farelo de soja ganhou espaço na União Europeia e no Sudeste Asiático, enquanto o óleo tem como principal destino a Índia, que importou quase 68% do total exportado. Esses dados reforçam a relevância estratégica do Brasil nas cadeias globais de alimentos e energia, além de mostrarem que há espaço para diversificação dos mercados.